Objetiva-se fazer uma breve explanação sobre a problemática do Teatro e a Representação a partir da crítica realizada pelo filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Fundamenta-se com base na obra Carta a D’Alembert sobre os espetáculos. Na referida, Rousseau apresenta uma crítica à representação social através das artes, com ênfase ao teatro francês do século XVIII. A Carta a D’Alembert nasceu em resposta a um Verbete geográfico, Genebra, escrito na Enciclopédia por D’Alembert, onde este último exaltava as qualidades do Teatro e sugeria inaugurar uma companhia de comediantes em Genebra que até então era proibida na cidade do genebrino. Na Carta o autor discorre toda sua crítica e desprezo ao teatro francês daquele século e expressa meticulosamente as razões para não se fundar uma companhia de teatro em Genebra, bem como atribui aos jogos e espetáculo cívicos uma importância pedagógica em oposição aos espetáculos teatrais produzidos na época, rompendo assim, definitivamente com o iluminismo e com os homens de letras da época. Jean-Jacques escreve grande parte da sua filosofia como um ataque contra o otimismo do progresso ao qual os filósofos iluministas acreditavam que a razão poderia resolver os problemas morais; ficou conhecido também pelo seu método filosófico dicotômico ou paradoxal. Assim, partindo desse contexto, iremos, na presente investigação, tratar sobre essa dualidade que se evidencia como um jogo de oposição entre uma sociedade corrompida pelos espetáculos teatrais (e outras formas de representação) e outra livre dos efeitos corruptores da cena teatral, nessa última, o único espetáculo possível, segundo o filósofo dos paradoxos, é aquele em que o próprio espectador é o espetáculo, ou seja: as festas populares.