Acidente vascular encefálico (AVE) é caracterizado pela deficiência de suprimento sanguíneo no cérebro, comprometendo o nível de oxigênio e aumentando a chance de danos irreversíveis ao tecido. A severidade dos prejuízos para o paciente é proporcional à extensão e ao tipo de lesão, necessitando de suporte multiprofissional imediato. Deste modo, é objetivo apresentar um caso clínico de paciente do sexo feminino, 85 anos de idade, acometida por acidente vascular encefálico após internação. O parecer solicitado à equipe de odontologia hospitalar suspeitava de um quadro de miíase decorrente do odor fétido em cavidade oral. Após avaliação não foi constatado presença de larvas, mas observou-se higiene oral insatisfatória, com restos radiculares e elementos com mobilidade, presença de placa bacteriana, saburra lingual e extensa úlcera em bordo lateral de língua, com formato irregular e bordas elevadas além de lesão pedunculada em palato duro, de superfície lisa, coloração rósea e sem sangramento em sua manipulação. A paciente apresentou pressão arterial de 210X100 mmHg, desidratada, hipocorada, eupneica, bulhas normorítmicas hipofonéticas, pupilas isocóricas, desvio de rima, com força muscular diminuída em membros, não colaborativa. Observou-se aumento discreto de eritrócitos e hemoglobina e um aumento significativo de creatinofosfoquinase fração MB de 142,90U/L. Inicialmente foi realizado desgaste das cúspides linguais dos molares superiores e inferiores do lado esquerdo, que configuram como fator etiológico da úlcera em língua. Foi observado remissão das lesões quatro dias após a intervenção procedendo-se com as exodontias dos dentes superiores e biópsia excisional da lesão exofítica, sob sedação e monitoramento. A paciente evoluiu satisfatoriamente, realçando as demandas que o serviço de saúde odontológico promove ao paciente com AVE, e a importância da interação com as demais especialidades.