INTRODUÇÃO: A endocardite infecciosa (EI) está associada a alta morbimortalidade hospitalar apesar dos avanços diagnósticos e terapêuticos. A embolia séptica (ES) é uma complicação comum da EI, porém raramente acomete as artérias coronárias. OBJETIVO: Relatar um caso de infarto agudo do miocárdio (IAM) por embolia séptica. MÉTODO: As informações foram obtidas pela revisão do prontuário e da literatura. RESULTADOS: Homem, 26 anos, dependente químico, admitido na emergência de hospital terciário com queixa de dor torácica típica de início há 5 horas. Relata ainda há 4 semanas quadro de tosse seca e episódios febris. No exame físico apresentava taquipneia, taquicardia e sopro sistólico mitral 3+/6+; nos exames laboratoriais havia aumento de troponina e leucocitose; ao eletrocardiograma supradesnivelamento do segmento ST em parede anterior. Paciente foi tratado como IAM e submetido a cinecoronariografia que evidenciou trombo em artéria Descendente Anterior (ADA), sendo procedido a angioplastia com stent em ADA. Foi realizado ecocardiograma (ECO) transtorácico que evidenciou processos vegetantes em valva mitral, seguido da realização de ECO transesfágico que confirmou fração de ejeção de 36%; alterações segmentares em regiões antero-septais; valva mitral com prolapso do folheto anterior, e imagens vegetantes nesse folheto (14X04mm), além de imagem sugestiva de abcesso, associado a insuficiência valvar moderada; valva aórtica bicúspide e com insuficiência importante. Com a hipótese de EI, foi coletado hemoculturas, iniciado antibiótico e optado por cirurgia de substituição valvar aórtica e mitral por próteses mecânicas; após, mantido tratamento com antibiótico por 42 dias e medidas para IAM. DISCUSSÃO: A EI apresenta inúmeras manifestações clínicas e alto risco de embolia séptica, que ocorre em 22% a 50% dos casos. Os estudos mostram taxas embólicas coronarianas mais altas com vegetações acima de 1 cm e quando localizadas em valva mitral, principalmente no folheto anterior. A cinecoronariografia pode estabelecer o diagnóstico de embolia séptica e ser terapêutica, sendo normalmente a ADA a mais acometida. Conclusão: Esse caso ilustra uma apresentação incomum da EI, a embolia séptica coronária desencadeando uma SCA, e reforça a importância de ampliar os diagnósticos diferenciais para a etiologia do IAM para que o tratamento adequado seja instituído.