Introdução: Dissecção coronariana espontânea (DCE) é causa rara de síndrome coronariana aguda (SCA). Mais comum em mulheres jovens. Definida como dissecção não secundária à doença aterosclerótica, dissecção aórtica ou trauma intravascular. Causada por ruptura súbita da parede do vaso coronário, separando as camadas íntima e média, formando uma luz verdadeira e outra falsa. Objetivo: Relatar caso de dissecção coronariana espontânea não relacionada à artéria culpada no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST anterior. Relato de caso: Homem, 42 anos, deu entrada no pronto-socorro com quadro de que há dois dias apresentou dor em região anterior do tórax, de forte intensidade, tipo queimação, com irradiação MSE, por 6 horas, em intensidade máxima, associado a náuseas, vômitos, piora à deambulação e melhora parcial ao uso de medicações para SCA. Realizado eletrocardiograma (ECG) sem alterações sugestivas de isquemia miocárdica. Evoluiu com novo episódio de dor torácica tipo A e ECG evidenciou supra de ST na parede anterior e elevação dos marcadores de necrose miocárdica (troponina 4174>4151). A cineangiocoronariografia (CATE) evidenciou artéria descendente anterior (ADA) ocluída no terço médio e coronária direita (ACD) com dissecção espontânea. Procedeu-se à angioplastia coronariana em terço médio de ADA com sucesso angiográfico. CATE após 1 semana com fluxo TIMI 3 na ADA e mantida DCE direita. Discussão: A dissecção espontânea é causa rara de eventos cardiovasculares isquêmicos, nos quais as mulheres representam cerca de 70% dos casos. A manifestação clínica é variável, depende da artéria acometida e da extensão da dissecção. Manifesta-se usualmente como SCA com e sem supradesnivelamento do segmento ST, insuficiência cardíaca e morte súbita. A ADA é a mais acometida, entretanto em homens é a coronária direita. Faz-se importante um rápido diagnóstico e intervenção, uma vez que as taxas de mortalidade são altas. Em casos de dissecção uniarterial a intervenção coronariana percutânea é o tratamento de escolha. Pacientes assintomáticos, com dissecção limitada e estáveis está indicado o tratamento clínico. Conclusão: A DCE é um diagnóstico raro e grave de SCA. Sua abordagem precoce reduz complicações e melhora o prognóstico. Além do cateterismo, outros estudos de imagem enriquecem o diagnóstico, como a cintilografia miocárdica e a OCT.