Correlação entre o ângulo de Cobb e o ângulo de rotação do tronco medido em pacientes com escoliose

Correlação entre o ângulo de Cobb e o ângulo de rotação do tronco medido em pacientes com escoliose

• Author
• Breno Fardin Bordin
• Co-authors
• Isis Juliene Rodrigues Leite Navarro , Cláudia Tarragô Candotti
• Abstract

•  

  A escoliose idiopática do adolescente (EIA) é uma condição da coluna vertebral configurada a partir dos 10º do ângulo de Cobb, visto na radiografia no plano frontal. A etiologia dessa condição é desconhecida, porém, por muitos autores é apontada como multifatorial (SOUZA et al. 2013), atingindo cerca de 3% dos adolescentes entre 10 e 17 anos, e sendo mais prevalente em mulheres (GIANUZZI et al. 2023). Frequentemente a escoliose vem acompanhada por uma deformidade no tronco causada por alterações no plano transversal (WANG et al. 2022), clinicamente mensurada através do ângulo de rotação de tronco (ART) com o escoliômetro. Sabendo que essas variáveis clínicas estão presentes no adolescente com escoliose, faz-se necessário entender melhor a relação entre elas. O objetivo desse estudo é avaliar a correlação entre o ângulo Cobb (plano frontal) e o ângulo de rotação de tronco (plano transversal) em pacientes com escoliose e determinar a acurácia diagnóstica da medida do ângulo de rotação de tronco (ART) para identificação e classificação da severidade da escoliose. Este estudo prospectivo e correlacional, foi conduzido em uma clínica privada do sul do Brasil, de outubro de 2022 a fevereiro de 2023. Todos os procedimentos deste estudo foram aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CAAE 52894421.7.0000.5347). Os critérios de exclusão foram: qualquer causa diagnosticável de escoliose, discrepância de membros > 2 cm, tratamento cirúrgico da coluna vertebral e ausência de parâmetros clínicos ou radiográficos. A avaliação foi composta pela mensuração do ângulo de rotação do tronco com o escoliômetro pelo Teste de Adams e a medida do ângulo Cobb na radiografia panorâmica em ortostase da coluna vertebral. A correlação de Spearman foi calculada, adotando um valor de p<0,05. A amostra conteve 63 adolescentes, sendo 35 curvas torácicas e 28 toracolombares/lombares. Os participantes apresentaram idade média de 14,3±4 anos, massa corporal 50,7±12,9 Kg e estatura 159±10,3 cm, sendo 76% meninas (n= 48). O ângulo Cobb médio foi 32,6°±16,9° e o ART foi 8,6°±3,9°, sendo que a correlação entre o ângulo Cobb e o ART foi positiva, alta e significativa (? = 0,856; p<0,001). Para identificar presença de escoliose a partir do ART a curva ROC foi construída para um ângulo Cobb >10°, resultando numa área sob a curva de 95% (p<0,001), sensibilidade de 90% e especificidade de 100%. Foram analisados os pontos de cortes do ART para classificação da severidade apresentando áreas que variaram de 30% a 87% com valores de sensibilidade de 62% a 79% e especificidade de 20% a 82% (Tabela 1). Nossos resultados demonstraram uma alta correlação entre as medidas feitas no plano frontal (ângulo Cobb) e no plano transversal (ART). Ainda, o ponto de corte de 5° no escoliômetro apresentou alta capacidade discriminatória para identificação da escoliose (>10° na radiografia). Entretanto, o uso do escoliômetro para classificação de curvas leves (11° a 20° na radiografia) e moderadas (21° a 40° na radiografia) apresentou baixa capacidade discriminatória, enquanto a classificação de curvas severas (>40° na radiografia) apresentou uma moderada capacidade discriminatória.

   

• Keywords
• Escoliose; Radiografia; Tronco.
• Modality
• Comunicação oral
• Subject Area
• Instrumentos de avaliação