SÍNDROME DE SNEDDON MANIFESTADA POR CRISE CONVULSIVA TÔNICO-CLÔNICA*

  • Autor
  • Ronald Turetta Bonicenha
  • Co-autores
  • Gustavo Soares Braga , Anna Carolina de Oliveira Chaves , Mariana Bragança Sernegio , Ernane Pires Maciel
  • Resumo
  •  

    INTRODUÇÃO: A Síndrome de Sneddon (SS) foi descrita por Sneddon em 1965¹, e é caracterizada pela ocorrência de doença cerebrovascular isquêmica e livedo reticular, com acometimento vascular sistêmico, predominando porém nas artérias cerebrais de pequeno e médio calibre em casos com AVE. A doença é rara, com incidência de 4 indivíduos por milhão, com maior incidência em mulheres, e é precedida por livedo reticular idiopático2,3, não fisiológico em 80% dos casos. A presença de anticorpos antifosfolipídeos (anticardiolipinas), semelhante a síndrome de anticorpo antifosfolipídeos (SAAF)4, ocorre em cerca de metade dos casos5, porém a SS apresenta maior tendência trombótica, degeneração cognitiva e incapacidade que a SAAF5. Outras anormalidades laboratoriais incluem elevação do fator VII, redução de proteína S e proteína C ativada da coagulação. A identificação precoce da SS é fundamental visto o caráter predisponente para AVE Isquêmico, pode facilitar a terapêutica antitrombótica profilática. RELATO DE CASO: Paciente de 43 anos, homem, foi admitido no pronto socorro do HBDF, após crise convulsiva tônico-clônica generalizada em 2006, com sonolência leve e confusão mental transitória pós ictal, sendo identificado livedo fixo entremeado por áreas de pele normal em tronco e membros, descrito como racemoso. Apresentava hipertensão arterial em tratamento. A tomografia computadorizada do crânio mostrou lesão compatível com AVE isquêmico parietal à direita. Durante a evolução apresentou declínio cognitivo progressivo, incoordenação em membros superiores, hemiparesia esquerda leve (grau 4), hiperreflexia em membro superior esquerdo e hipopalestesia em pés. Foi realizado seguimento com ressonância magnética de crânio, em função das novas manifestações clínicas, que mostrou novas áreas isquêmicas encefálicas em ambos os hemisférios cerebrais, frontais bilaterais e parieto occipital à direita, além de severa redução volumétrica cerebral. Não foram identificadas lesões infratentoriais. A investigação laboratorial mostrou presença de anticorpos anticardiolipina IgG e IgM. Outras causas de AVE isquêmico foram excluídas pela investigação cardiológica e laboratorial. Dessa forma, reunindo os achados livedo racemosa, múltiplos AVE isquêmicos, HAS6 e anticorpo anticardiolipina (presente em 40-50% dos casos7 ), firmou-se o diagnóstico de síndrome de Sneddon. Foi iniciada terapia de anticoagulação com varfarina sódica 5 mg/dia, desde o primeiro atendimento, associada a tratamento para HAS (losartana e hidroclorotiazida), sinvastatina, AAS e ácido valpróico. Apesar da terapêutica evoluiu com declínio cognitivo progressivo caracterizado por dificuldade de memória para nomes próprios, datas e palavras (amnésia verbal). A marcha e o controle urinário estão preservados e está sem crises epilépticas há 6 anos.  CONSIDERAÇÕES FINAIS: A síndrome de Sneddon exige tratamento precoce, porém seu difícil diagnóstico acaba por retardá-lo. No caso relatado, o tratamento se mostrou ineficaz na prevenção de novos AVE isquêmicos e da atrofia encefálica, por dificuldade de ajuste da anticoagulação nos primeiros anos, e pela tendência inexorável da doença em causar lesões isquêmicas recorrentes. É necessário realização de estudos para facilitar o diagnóstico precoce da SS, bem como sobre opções de tratamento eficientes em controlar a degeneração do parênquima. 

  • Palavras-chave
  • Síndrome de Sneddon, Acidente vascular encefálico, Convulsão tônico-clônica generalizada.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Neurociências
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Comissão Científica

Dra. Phaedra Castro

Dra. Denize Bomfim Souza

Dr. Eduardo Siqueira Waihrich

Dr. Edmilson Leal Bastos de Moura

Dr. Sérgio Eduardo Soares Fernandes

Dr. Wellington Jose dos Santos

Bruna Mendes Lopes Meira

Ciro Moisés Oliveira Vieira dos Santos

Ingridy Maria Oliveira Ferreira

Larissa Paixão Batista

Maria Luisa Rocha

Salma Sarkis Simão