INTRODUÇÃO
O Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), também conhecido como infarto cerebral, é responsável por mais de 80% dos casos de Acidente Vascular Cerebral. Isso se dá devido à sua rápida evolução, uma vez que o entupimento dos vasos pode ocorrer seja por uma embolia (uma placa de gordura irá se soltar e através da corrente sanguínea chegará aos vasos cerebrais), seja por uma trombose (formação de placas em uma artéria). No tocante a essa questão, ao se falar da doença ateroestenótica, a artéria cerebral média (ACM) constitui como o vaso mais afetado. Apresenta progressão rápida, alta taxa de mortalidade e de recorrência, apesar de ser mais comum em jovens e adultos com bom prognóstico.
OBJETIVO
Neste trabalho, objetiva-se explicar o processo de isquemia da artéria cerebral e suas implicações na neurofisiologia humana.
MÉTODO
A estratégia metodológica utilizada trata-se de uma revisão de literatura qualitativa (Mausner, 1999)(Cancela, 2008). Foram utilizadas as bases eletrônicas de dados PubMed, BVS e EBSCO, com a utilização dos descritores “Ischemic Stroke”, "Neurologic Disorder”, "Middle Cerebral Artery”. Os artigos selecionados são de 2010 a 2022 e estão no idioma inglês.
RESULTADOS
A artéria cerebral média (ACM) é o maior ramo terminal da artéria carótida interna e supre grandes porções das superfícies dos lobos frontal, parietal e temporal, tendo importante significado clínico. Quando ocluída, a ACM será impedida de realizar a perfusão normal, o que causará uma depleção de oxigênio e nutrientes ao parênquima cerebral. Esse acometimento da artéria vai resultar em um AVCI e afetar diretamente a neurofisiologia e a vascularização cerebral. As manifestações clínicas do AVCI vão depender do local acometido. De maneira geral, no início do AVCI, podem ser percebidos sinais de alerta como tontura, perda de equilíbrio ou coordenação e com a evolução da lesão há hemiplegia e perda dos níveis de consciência em até 48h após o AVCI. Em casos de oclusão do tronco principal da ACM, boa parte do hemisfério ipsilateral será afetado, o que causará sinais clássicos de hemiplegia contralateral e hemiparesia contralateral. No acometimento do hemisfério direito é comum a desorientação espacial, enquanto no esquerdo o que prevalece é a afasia. Sintomas como náuseas e vômitos podem indicar um mau prognóstico, o qual é caracterizado por uma rápida evolução da lesão. Uma resposta fisiológica do corpo ao AVCI é a vasoconstrição arterial, realizada pelo centro de controle homeostático do corpo, para manter a pressão intracraniana nos níveis desejados e impedir os danos da isquemia. Cerca de 5 a 6 dias após o início do quadro neurológico, as manifestações clínicas tendem a estabilizar. Contudo, os prejuízos causados pela má perfusão costumam ser irreversíveis, uma vez que levam à morte dos neurônios atingidos pelo AVCI. Além dessa causa principal, outro fator que contribui para a presença de danos permanentes é a excessiva liberação de neurotransmissores excitatórios, como glutamato e aspartato, durante a cascata isquêmica. As altas quantidades desses neurotransmissores no AVCI levam a um quadro tóxico, causando a morte celular. O tratamento do AVCI vai variar conforme o tempo de evolução e as manifestações da lesão.
CONCLUSÃO
Portanto, podemos perceber que o AVCI gera repercussões que vão além do seu impacto inicial sobre o parênquima cerebral e áreas controladas por ele. Assim, é crucial que o paciente seja diagnosticado em tempo hábil tanto para evitar complicações do AVC como de possíveis respostas fisiológicas para controle de danos. É importante ressaltar que a intervenção médica em tempo hábil tem grande impacto sobre o prognóstico e sobre a qualidade de vida do paciente, mas a melhor alternativa é a profilaxia baseada na alteração de fatores de risco modificáveis.
REFERÊNCIAS
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O Congresso Interligas de Emergência e Neurociências é um evento acadêmico anual direcionado para estudantes da área da Saúde, com palestras presenciais ministradas por médicos renomados, workshops e apresentações de trabalhos científicos.
A edição de 2022 contou com 20 trabalhos apresentados, os quais serão disponibilizados gradualmente neste site.
Para mais informações, consulte o edital em https://doity.com.br/ciendf/trabalhos ou envie um e-mail para contato.ciendf@gmail.com
Comissão Científica
Dra. Phaedra Castro
Dra. Denize Bomfim Souza
Dr. Eduardo Siqueira Waihrich
Dr. Edmilson Leal Bastos de Moura
Dr. Sérgio Eduardo Soares Fernandes
Dr. Wellington Jose dos Santos
Bruna Mendes Lopes Meira
Ciro Moisés Oliveira Vieira dos Santos
Ingridy Maria Oliveira Ferreira
Larissa Paixão Batista
Maria Luisa Rocha
Salma Sarkis Simão