A emigração de brasileiros para a Alemanha é um fenômeno que se intensifica nesse início de século XXI. Uma das características desse fluxo é uma importante participação feminina. O artigo apresenta os resultados de uma investigação sobre brasileiros/as na Alemanha, cujos dados indicam uma significativa participação feminina e discutir como se configuram as trajetórias educacionais da geração dos filhos dessas imigrantes. A metodologia recorreu a netnografia com brasileiras que vivem na Alemanha e que têm filhos em idade escolar, das entrevistas realizadas, selecionamos 3 (três) com o objetivo de refletir sobre a experiência migratória de três mulheres brasileiras e seus desdobramentos nos seus projetos educacionais e de seus filhos. Como projeto educacional, as brasileiras imigrantes, muitas delas provenientes de escolas públicas no Brasil, buscam o sistema de ensino alemão porque consideram uma educação de qualidade, cujos filhos que não teriam acesso no Brasil, estudando numa escola pública brasileira. Contudo, o sistema tripartite escolar alemão tem características que podem contribuir para segregar filhos de imigrantes. Este artigo busca compreender o que tem sido chamado de práticas sociais transnacionais no domínio educativo, analisando as estratégias educacionais das famílias imigrantes brasileiras na Alemanha a partir das trajetórias de inserção no sistema escolar alemão. Os resultados evidenciam que, em alguns contextos, esse sistema de ensino alemão tripartite e a forma como hierarquiza e separa a partir do 4º ano (às vezes no 6º ano), conforme a região na Alemanha, pode significar para os filhos dos imigrantes maior dificuldade de acesso ao ensino superior, gerando uma tensão entre o projeto imaginado pelos pais e as condições progressão no sistema escolar na sociedade de imigração.
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Victor Barros
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