Desde a queda do muro de Berlim, a Alemanha reunificada se tornou um dos principais destinos da imigração brasileira na Europa, disputando o terceiro lugar em número de residentes com Espanha e Itália, atrás de Portugal e Reino Unido. As últimas estimativas do Ministério das Relações Exteriores brasileiro (MRE, 2021) indicam quase 150 mil pessoas brasileiras residindo no país. Segundo dados da Alemanha, em 2021, mais de 50 mil imigrantes estavam registradas no país sob a nacionalidade brasileira (DESTATIS, 2022). Se levarmos em consideração os dados dos microcensos, que trabalham com a categoria “pessoas com histórico de migração”, podemos estimar que quase 100 mil pessoas brasileiras viviam no país na virada da última década (DESTATIS, 2020). Independentemente da fonte dos dados, é bastante clara a importância quantitativa da população brasileira residente na Alemanha dentro do sistema migratório brasileiro. Esse contingente populacional vem sofrendo uma mudança em seu perfil sociodemográfico na última década. Fundada no pioneirismo feminino, a população brasileira na Alemanha chegou a ser, em 2004, com um índice de 75% de mulheres em sua composição, a terceira população imigrante com maior índice de feminização entre as populações de diferentes nacionalidades residentes na Alemanha. Desde então, nota-se uma leve e persistente queda neste índice de feminização, que hoje está um pouco abaixo de 64% (DESTATIS, 2022). A queda da feminização vem sendo tendencialmente substituída pela chegada percentualmente maior de jovens imigrantes brasileiros com alto nível de escolarização e que chegam com permissão de residência por motivo de trabalho ou para estudos, contribuindo para lentamente alterar uma paisagem migrante predominantemente de mulheres residentes por motivos de reunião familiar. Traçar um esboço da alteração nesta paisagem migrante por meio da interpretação de dados e estimativas demográficas disponíveis é o objetivo dessa comunicação.
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Victor Barros
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