Os estudos sobre imigração brasileira em Portugal intensificam-se a partir da “segunda vaga”, isto é, o fluxo a partir dos anos 90, formado, maioritariamente, por um perfil de brasileiros menos escolarizado (Padilla et al, 2015). A partir de 2015, alguns autores falam do surgimento de uma terceira vaga, caracterizada pela intensificação da mobilidade estudantil, investidores e reformados (França e Padilla, 2019). Entre as temáticas estudadas sobre a comunidade brasileira em Portugal podem identificar-se a desqualificação profissional, os estereótipos de género, a discriminação e o racismo (Gomes, 2013; Egreja e Peixoto, 2015; Padilla et al, 2015; Padilla e França, 2015; Assis e Siqueira, 2021), sendo menos comuns os estudos de jovens de origem imigrante brasileira (Togni, 2015; Ribeiro et al, 2019; Seabra e Mateus, 2020) dos quais sabemos pouco sobre as suas trajetórias escolares e no ensino superior. Alguns autores (Seabra et al 2016) definem estas trajetórias como contratendência, isto é, percursos escolares em que os jovens desenvolvem trajetos longos e chegam ao ensino superior, apesar das suas condições socioeconómicas familiares serem adversas ou precárias (Seabra et al 2016). No caso dos jovens afrodescendentes, estas trajetórias foram analisadas à luz da tipologia desenvolvida por Roldão (2015), que analisa os trajetos de contratendência através de uma tipologia que inclui dimensões relativas às condições de socialização inicial e às experiências educativas. O objetivo desta comunicação é analisar a adequação desta tipologia entre 10 jovens de origem brasileira (nascidos no Brasil e imigrados em Portugal) nos seus percursos escolares. A metodologia a utilizar inclui entrevistas semiestruturadas realizadas a jovens que estudaram no ensino secundário e no ensino superior em Portugal e a residir nos concelhos de Lisboa, Cascais, Amadora e Sintra, de modo a identificar os fatores que, potencialmente, explicam as suas trajetórias ascendentes.
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Victor Barros
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