O Brasil representa a principal fonte de matrículas de estudantes da América do Sul no Canadá. Em 2023, 15.615 estudantes brasileiros estavam no Canadá com permissão de estudo. Diferentes acordos bilaterais entre o Canadá e o Brasil justificam este cenário expressivo quando comparado com outros países da América Latina. A partir de 2011, foram criados programas no Brasil para o desenvolvimento tecnológicos, com a criação de bolsas CAPES e CNPq. O Canadá, a partir de 2012, estava entre os países de destino desses programas também pelas possibilidades linguísticas em inglês e em francês. No que se refere especificamente ao Québec, província francófona, acordos bilaterais com o Brasil existem desde 1988, permitindo assim parcerias de internacionalização, o desenvolvimento de recursos humanos altamente qualificados e a implementação de medidas de isenção de taxas escolares aos estudantes brasileiros. Destaca-se que o número de estudantes é mais significativo nos programas de pós-graduação, nível mestrado e doutorado. Esse dado se justifica pelo fato de que todos os estudantes de universidades no Canadá devem arcar com custos de taxas escolares. No caso dos estudantes internacionais, eles devem também pagar uma taxa suplementar. Esta comunicação tem como objetivo de apresentar um retrato da diáspora acadêmica brasileira na Universidade Laval, cidade de Québec. Para isso, coletou-se dados oficiais do escritório de registros dos estudantes da universidade que fizeram objeto de uma análise quantitativa descritiva simples. Este retrato dialogará com os dados sociodemográficos dos estudantes brasileiros matriculados na universidade, como idade, cidade de origem e status legal no Canada; e relacionados a trajetória acadêmica, como nível e programa de estudo. Em diálogo com pesquisas disponíveis sobre a diáspora acadêmica brasileira no Canada, observa-se algumas constatações. A primeira se refere à continuidade de um acesso restrito à estas oportunidades internacionais a determinadas classes sociais, o que se intensifica ainda mais no contexto de uma província francófona. Ainda que essas experiências internacionais possibilitem a formação de recursos altamente qualificados, observa-se que muitos desses estudantes decidem se estabelecer a longo prazo no país, o que reforça um fenômeno de "fuga de cérebros" no Brasil.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica