A violência obstétrica é uma violação dos direitos das mulheres cometida por profissionais de saúde e instituições, tanto públicas quanto privadas. Essa forma de violência abrange situações de negligência no atendimento, discriminação social, e abuso verbal, físico, sexual e psicológico durante a gestação, o parto e o pós-parto (Almeida et al., 2022). Inclui também o uso inadequado de tecnologias, intervenções desnecessárias ou não baseadas em evidências, e procedimentos realizados sem consentimento informado ou explicações claras à paciente. Nesse contexto, as memórias do período de gestação ao pós-parto de mulheres brasileiras racializadas permanecem vivas em um nível cognitivo e psicológico, tendo inúmeros impactos em suas experiências, afetando-as físico, sexual e psicologicamente. Baseando-se em uma epistemologia feminista interseccional e na abordagem do construcionionismo social, esta pesquisa tem como objetivo entender os impactos da violência obstétrica em mulheres brasileiras racializadas no contexto da gestação, do parto e pós-parto no Sistema Nacional de Saúde (SNS) de Portugal. Considerando as interseções entre migração, gênero e raça, o estudo aborda uma questão persistente de saúde pública no país. Este estudo qualitativo exploratório, com 10 mulheres brasileiras racializada, destaca as consequências físicas, sociais, emocionais, sexuais e psicológicas para essas mulheres. As violações identificadas incluem controle sexual e reprodutivo exercido por profissionais de saúde, exacerbado por questões étnico-raciais que influenciam os cuidados maternos em Portugal.
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Victor Barros
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