As transformações nas políticas migratórias impactam diretamente a vida das pessoas imigrantes, afetando seus direitos, acesso a serviços e integração social. A mídia, nesse contexto, é um agente relevante na divulgação e interpretação dessas mudanças, influenciando a perceção pública por meio das narrativas que constrói. Esta investigação objetiva compreender como os meios de comunicação de países lusófonos (Portugal, Brasil, Angola e Moçambique) enquadraram as questões migratórias entre 2022 e 2024, com foco nas alterações legislativas em Portugal após a criação da AIMA (Agência para a Integração, Migrações e Asilo). Para tal, foi realizada uma análise de frequência de palavras com base em seis categorias temáticas previamente definidas (Humanitário, Político, Legal, Econômico, Cultural e de Segurança), utilizando-se o software R. Com relação aos resultados, foram examinados 200 artigos, sendo 102 oriundos da imprensa portuguesa e 98 dos demais países. Em Portugal, o enquadramento mais frequente foi o humanitário (26,5%), seguido pelos temas legal (22,1%) e político (20,6%). Nos demais países, o tema legal prevaleceu (36,7%), refletindo o interesse nas implicações jurídicas das políticas portuguesas sobre suas comunidades migrantes. A análise mostrou ainda que os temas cultural e de segurança foram sistematicamente marginalizados, apesar da sua relevância social. Entre as limitações estão o acesso desigual às fontes jornalísticas e o tamanho reduzido das amostras de Angola e Moçambique. O estudo recomenda aprofundamentos qualitativos para melhor compreender os contextos históricos e políticos dos enquadramentos midiáticos analisados.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica