As desigualdades de gênero no mercado de trabalho brasileiro se manifestam em diversas formas de exclusão vivenciadas pelas mulheres, como as diferenças salariais e os assédios sexuais, fatores que contribuem para maior vulnerabilidade a agravos psicossociais, como os transtornos mentais relacionados ao trabalho (TMRT). Diante da recente inclusão compulsória dos TMRT como agravo de notificação ao SINAN em 2024, o presente estudo teve como objetivo analisar a distribuição desses transtornos segundo o sexo, entre indivíduos da população economicamente ativa ocupada (PEAO) no período de 2012 a 2024, a fim de identificar desigualdades de gênero no risco de adoecimento mental relacionado ao trabalho. Trata-se de um estudo ecológico com dados secundários extraídos da plataforma TABNET/DATASUS e complementados com dados populacionais do IBGE-SIDRA, considerando pessoas com 14 anos ou mais em situação de ocupação. A densidade de incidência foi calculada com base no número de casos por 100.000 pessoa-anos e as diferenças entre os sexos foram avaliadas por meio do teste qui-quadrado e da razão de chances (odds ratio), com nível de significância de 5%. Entre 2012 e 2024, foram registrados 25.574 novos casos de TMRT, dos quais 66,8% ocorreram entre mulheres. A densidade de incidência foi de 3,45 casos por 100.000 mulher-anos e 1,24 por 100.000 homem-anos. A diferença entre os sexos foi estatisticamente significativa (X² = 6.521; p < 0,001), e a razão de chances para as mulheres foi de 2,79 (IC 95% = 2,72–2,86), indicando risco quase três vezes maior em relação aos homens. Esses achados evidenciam uma importante desigualdade de gênero na ocorrência de TMRT, sinalizando a necessidade de políticas públicas de saúde e trabalho com foco na proteção e promoção da saúde mental das trabalhadoras.
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Victor Barros
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