No Brasil, estudos sobre migração e educação ainda são escassos e o estudante migrante é considerado “sujeito ausente” na política educacional brasileira. Como a literatura científica não prima por informação abundante sobre o tema, o objetivo do estudo é identificar os limites e potencialidades da alfabetização cultural crítica e verificar se tal inovação educacional permite desenvolver maior inclusão social e equidade em escolas com forte presença de estudantes migrantes. A alfabetização cultural crítica, considerada uma competência essencial que os estudantes necessitarão no século XXI, possui uma agenda emancipatória e se interessa pelas práticas e expressões culturais de grupos e comunidades marginalizadas. Para verificar em que medida processos de alfabetização cultural estão associados a mudanças no ambiente escolar em prol de maior equidade, foi utilizada a abordagem qualitativa através da etnografia crítica e do desenho de pesquisa comunitária, que inclui metodologias baseadas na arte e envolvem estudantes e docentes. Assim, foram realizadas observações e participação nas dinâmicas de alfabetização cultural de uma escola com forte presença de estudantes migrantes, situada na cidade de Barcelona, região da Catalunha/Espanha. Como resultados preliminares, destacamos que a alfabetização cultural crítica, utilizada por países europeus como ferramenta pedagógica em escolas com alta diversidade, pode ser considerada uma ferramenta de inovação em educação, já que impulsiona a transformação da “gramática” da escola, contribuindo para a formação de sujeitos comprometidos com a transformação social, um dos desafios propostos pela concepção de alfabetização cultural crítica através das artes.
Comissão Organizadora
Victor Barros
Comissão Científica