Nos anos recentes, vislumbramos em várias partes do mundo a ascensão de líderes de extrema direita. Sobre esse fenômeno, Stanley (2019) nos diz da necessidade de uma compreensão mais generalizada e o descreve sob o prisma do fascismo, apontando características, tais como: culto à tradição patriarcal e a um passado mítico, anti-intelectualismo, irrealidade, hierarquia, apelo à noção de pátria e desarticulação da união e do bem-estar público. Jessé Souza (2019), ao descrever sobre a atual conjuntura do Brasil, também remete às razões irracionais do fascismo e às suas particularidades no contexto brasileiro, chamando a atenção para a emergência de um neofascismo contemporâneo. Dentro desse quadro, observamos no contexto do Brasil pós-2019 a necessidade da saída de pessoas de seu próprio país em função das violências vivenciadas em caráter cada vez mais crescente. Assim, buscamos em nosso estudo, a compreensão desse fenômeno, por meio da investigação acerca das histórias de vida e das trajetórias de trabalho de pessoas que necessitaram ou se viram obrigadas a deslocar-se do Brasil em função do peso colocado em suas vidas política, pessoal, social e profissional. Objetivamos compreender quais os desafios relacionados ao trabalho que tais exilados enfrentam e enfrentaram, além de contribuir com reflexões para o entendimento dessa faceta complexa da recente história brasileira. Por fim, destacamos sobre a metodologia utilizada: a pesquisa em história de vida. Trata-se de uma rica possibilidade de apreensão do vivido social e do sujeito em suas práticas, e que se apresenta especialmente fecunda ao estudo de fenômenos como migração, mobilidade social, trabalho e trajetórias profissionais (BARROS; LOPES, 2014)
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Victor Barros
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