Introdução: O exame físico abdominal tem como objetivo avaliar todas as estruturas e características da região, contribuindo para o diagnóstico de diversas patologias a partir dos sinais e sintomas do paciente. Porém, em diversas ocasiões os achados podem confundir o avaliador, levando a um diagnóstico precipitado. Uma dessas ocasiões é o uso de anestésicos da classe dos opioides. Dessa forma, este trabalho tem por objetivo conhecer os mecanismos de ação dos opioides, bem como seus efeitos colaterais e reações adversas a nível de exame físico abdominal. Métodos: Para abordar o tema desta revisão de literatura, foi realizado, no mês de junho de 2020, buscas na base de dados PubMed utilizando os seguintes descritores: “uso de opioides’’, “alterações abdominais” e “exame físico” usando os operadores booleanos “AND” e “OR”. Foram incluídos trabalhos completos de revisão realizados nos últimos 10 anos (2010-2020) que atendam aos critérios de elegibilidade e respondam o objetivo do estudo, além de possuir adequada relevância metodológica e qualidade. Discussão: Analgésicos da classe dos opioides originam-se do extrato do suco da chamada Papaver somniferum, possuindo efeito imediato para dores de alta intensidade como em pós-operatórios e alguns tipos de tumores, podendo gerar dependência ao uso prolongado. Seu mecanismo de inibição álgica se dá pela hiperpolarização celular através do aumento da condutibilidade do potássio, além da redução da liberação de neurotransmissores devido a entrada de cálcio. Porém, como estes medicamentos são de baixa seletividade podem aumentar a atividade neuronal de outras vias, através da ativação de neurônios de projeção e supressão de interneurônios inibitórios, levando a um efeito contrário ao seu propósito inicial, ou seja, dores em outras regiões do corpo. No abdômen, os achados culminam com um quadro semelhante ao de peritonite, com hipersensibilidade dolorosa superficial e profunda em flancos e fossas ilíacas, além de Blumberg, Rovsing, Psoas, Obturador e Markle positivos, fazendo diagnóstico diferencial com Apendicite Aguda, Síndrome do Ovário Policístico e Gravidez Ectópica Rota. Conclusão: Estudos mostraram que o uso de opioides de forma persistente e associado a anticonvulsivantes e antidepressivos, além de dependência, podem estar associados à quadros álgicos abdominais, podendo gerar procedimentos invasivos e ônus desnecessários ao serviço público e/ou paciente.
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