Introdução: A embolia do líquido amniótico (AFE) é uma emergência obstétrica rara, mas com mortalidade acima de 60%. O evento é caracterizado pela a presença de líquido amniótico na circulação materna levando a um repentino colapso cardiorrespiratório e a coagulação intravascular disseminada (DIC). Os fatores de riscos para a AFE são idade materna avançada, multiparidade, poli-hidrâmnio, placenta prévia, deslocamento de placenta, uso de indutores do parto, assim como doenças cardíacas e distúrbios neurológicos. O objetivo do estudo é elucidar a fisiopatologia e o diagnóstico da embolia do líquido amniótico.
Métodos: O presente estudo trata-se de uma revisão da literatura realizada a partir da análise de 11 artigos científicos das bases de dados PubMed, SciELO, MEDLINE publicados entre os anos de 2017 à 2020.
Discussão: A etiologia e a fisiopatologia da embolia amniótica são incertas. No entanto, hipóteses sugerem que a entrada de líquido amniótico e elementos fetais na circulação materna geram obstrução pulmonar intensa, dilatação do átrio e ventrículo direito e regurgitação tricúspide, além da ativação da cascata de coagulação e dos sistemas fibrinolíticos, resultando em colapso cardiopulmonar e DIC. Na maioria dos casos a AFE ocorre durante o trabalho de parto, no parto e no puerpério imediato. O quadro clínico cursa com hipotensão, dispnéia, convulsão, cianose, bradicardia fetal, edema agudo de pulmão, atonia uterina, parada cardíaca e alterações no estado mental. O diagnostico é feito por exclusão, pois não existe teste seguro. Recentemente, a Society for Maternal-Fetal Medicine e a Amniotic Fluid Embolism Foundation propôs 4 critérios diagnósticos para identificar AFE: colapso cardiopulmonar repentino ou hipotensão (pressão arterial sistólica <90 mmHg) com hipóxia (SpO2 <90%); DIC; sintomatologia durante o trabalho de parto ou dentro de 30 minutos após o parto placentário; ausência de febre durante o parto. Presença de elementos do líquido amniótico, como células escamosas fetais, mucina, lanugo, na circulação materna pulmonar pode ser usado também no diagnóstico, porém carece de especificidade e sensibilidade para ser um marcador definitivo.
Conclusão: A embolia do líquido amniótico é uma condição rara, imprevisível e com consequências fatais. Seu diagnóstico é feito baseado no espectro clínico e na exclusão de outras causas, e deve ser feito o mais rápido possível, para estabelecimento de tratamento de suporte imediato.
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