INTRODUÇÃO: A doença de Lyme é uma doença infecciosa causada por espiroquetas do complexo Borrelia burgdorferi e transmitida pela picada de carrapatos do grupo Ixodes ricinus. Essa doença evolui por estágios, em períodos de remissão e exacerbação, com acometimento de diferentes sistemas em cada período. Pode ocorrer comprometimento articular, cardíaco, neurológico e oftalmológico. As manifestações oftalmológicas mais frequentes são a conjuntivite, uveíte, coroidite com descolamento de retina e papiledema. O diagnóstico é realizado através da associação entre o quadro clínico, exames laboratoriais e dados epidemiológicos.
MÉTODOS: Realizada uma revisão de literatura nas bases de dados: Scielo, no período de 10/07/2020 a 13/07/2020. Efetuada consulta do prontuário da paciente no período de 08/07/2020 no Centro de Retina e Vítreo de Rondônia, com o doutor Rafael Cardoso Oliveira.
DESCRIÇÃO DO CASO: Paciente do sexo feminino, oito anos de idade, residente de Sena Madureira – Acre. Veio à consulta oftalmológica acompanhada pela mãe, que notou estrabismo no olho direito (OD) da criança há duas semanas, sem outros sintomas associados. Ao exame oftalmológico, identificou-se exotropia em olho direito e acuidade visual diminuída no mesmo, com a capacidade de detectar apenas os movimentos das mãos em OD, e 20/20 em olho esquerdo. Fundo de olho: vitreíte moderada com placas exsudativas difusas pela retina, inclusive em polo posterior, associada a edema de papila, vasculite e tração vítreo-retiniana peri-papilar em OD. Olho esquerdo sem alterações. Foi realizada sorologia para o Borrelia burgdorferi, que se demonstrou positiva com IgG e IgM reagentes, confirmando assim o diagnóstico de doença de Lyme. Estabelecido tratamento medicamentoso com Doxiciclina de 50mg por via oral, de doze em doze horas por sessenta dias, observando-se melhora significativa das lesões e da acuidade visual, que ao final do tratamento apresentava uma medida de 20/100.
DISCUSSÃO: Apesar de a espiroqueta ter maior tropismo pelo sistema nervoso e articular, o comprometimento ocular não deve ser visto de forma irrelevante, pois quando as complicações oculares são manejadas precocemente, podem evitar o comprometimento da acuidade visual do paciente.
CONCLUSÃO: O profissional da saúde deve estar atento não só aos sinais e sintomas, mas também aos dados epidemiológicos e hábitos de vida do paciente, investigando se o mesmo teve contato com áreas endêmicas de animais silvestres, como florestas e áreas rurais, onde há maior chance de adquirir a doença.
linnuniceplac@gmail.com