INTRODUÇÃO: A toxina botulínica é uma proteína produzida pela bactéria Clostridium botulinum. Em grandes quantidades por via oral, essa toxina bloqueia os sinais nervosos, interrompendo o eixo cérebro-muscular, gerando paralisia generalizada, condição denominada botulismo. Porém, em quantidades específicas, essa toxina injetável pode ser um grande instrumento para o tratamento visando a prevenção de crise de um importante problema de saúde pública no Brasil, a enxaqueca. Assim, a presente revisão tem como objetivo avaliar de forma ampla esse instrumento e sua real relação com a doença. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, baseada em 7 artigos, com busca nas bases de dados Google Acadêmico e Scientific eletronic Library Online (SciELO). DISCUSSÃO: A enxaqueca é uma cefaleia neurovascular muito frequente em diversos pacientes, que pode gerar prejuízo na qualidade de vida, perda de produtividade no trabalho ou escola e estresse cotidiano. Seu tratamento consiste na forma sintomática ou profilática, sendo a toxina botulínica a mais indicada nesta última, principalmente nas formas graves e muito graves. A finalidade dessa profilaxia consiste em diminuir a intensidade, frequência e continuidade das crises de enxaqueca, além de conseguir ajudar, de forma concomitante aos medicamentos da forma aguda da doença, no alívio da dor. Sabe-se que a Toxina Botulínica tipo-A (BT-A) pode causar quimiodenervação temporária, inibindo ativamente a liberação de Acetilcolina (ACh) e isso, diminui a contração, causa atrofia muscular temporária e reinervação posterior, aliviando a dor associada a várias condições neurológicas, com ou sem excesso de contração associada. Como a enxaqueca possui mecanismos periféricos e centrais, é possível que o BT-A influencie a percepção da dor em diferentes níveis do sistema nervoso de uma forma ainda não estabelecida. Além disso, foram observadas redução da carga de dor em adultos com enxaqueca crônica incapacitante, redução na frequência dos dias de dor em 35%, nas horas cumulativas de dor em dias de crise moderada/grave, reduziu a utilização do uso de analgésicos em 61% e na intensidade da dor em 62%. No Brasil, já existe o protocolo de aplicação de toxina BT-A para profilaxia de enxaqueca. CONCLUSÃO: O uso da BT-A não tem efeito para a crise, mas sim para a prevenção da cefaleia crônica em casos específicos que tenham alta frequência, ocasionando redução de dor, do tempo de cada crise e da frequência de crises.
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