HISTÓRIAS (E)DITADAS: UM ARQUIVO QUE SE QUER MEMÓRIA

  • Autor
  • MARIA RACHEL FIUZA MOREIRA
  • Resumo
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    Fundamentada nos pressupostos teórico-metodológico da Análise do Discurso, de filiação pecheuxtiana, nossa pesquisa analisa os efeitos de sentidos que atravessam o site Memória Globo, no que se refere aos arquivos do Jornal Nacional (JN), da TV Globo de Televisão. O Jornal Nacional foi o primeiro telejornal exibido em rede nacional no Brasil, a partir de 1º de setembro de 1969, e é o que está há mais tempo em exibição na TV brasileira, além de ser o programa de maior audiência entre os de conteúdo jornalístico. O que nos interessa, sobremaneira, nesta pesquisa, são questões que apontam posicionamentos nas superfícies discursivas e que compõem a chamada “memória” do JN, envolvendo os principais eventos noticiosos em cada década, a partir de 1970. No arquivo eletrônico, constam recortes de textos e reportagens, além de depoimentos de alguns profissionais que fizeram parte do conteúdo selecionado. Nosso movimento investigativo se debruça ao olharmos para o passado – memória/arquivo -, que insiste em ser guardado/apresentado à sociedade. Nesse sentido, buscamos em Pêcheux as noções de Arquivo e Memória. Para o autor (2014, p.59), a noção de arquivo deve ser “entendida no sentido amplo de campo de documentos pertinentes e disponíveis sobre uma questão”, considerando sempre seu caráter histórico, cultural, político e ideológico. Através da pesquisa, buscamos compreender os funcionamentos  que subjazem a elaboração do arquivo, considerando que “todo arquivo é uma prática social constituída por gestos de interpretação que, como tal, tem como premissas as condições de materiais de produção que permitiram sua efetivação e a ideologia predominante na sua elaboração” (MAGALHÃES, 2014, s.p). Ou seja, o arquivo não pode ser visto apenas como um frio banco de dados arquitetado por sujeitos que se anunciam como editores de histórias. Os discursos, ao circularem na sociedade, trazem uma memória de outros dizeres, ditos anteriormente, em outros lugares, em outras circunstâncias, mobilizando círculos de integralização instantâneos de organização sócio-políticas. Desse modo, entendemos que o site Memória Globo, através de gestos seletivos, faz circular sentidos a partir de uma posição ideológica, que, em um movimento de lembrança, acaba apagando, a memória histórica. E assim, silencia, ao mesmo tempo, sua posição político-empresarial.

     

  • Palavras-chave
  • Discurso; Jornalismo; Memória; Arquivo.
  • Modalidade
  • Comunicação oral
  • Área Temática
  • Análise do Discurso
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