Resumo: Os estudos acerca da referenciação vêm mostrando a importância de observar como os referentes são construídos e reconstruídos durante a continuidade de sentidos nos mais diversos gêneros orais e escritos. Assim, tem-se a referenciação como uma construção negociada dos objetos de discurso e como uma abordagem processual da significação. Diante disso, partindo dos estudos da Linguística Textual, numa vertente sociocognitiva, esse trabalho tem como principal objetivo analisar os processos de recategorização e argumentação durante a votação do impeachment na câmara dos deputados. Por recategorização, entende-se um contínuo processo cognitivo-discursivo de transformação dos referentes ao longo de um texto oral ou escrito; por argumentação, compreendem-se as tentativas de convencer e persuadir o outro (pathos) no plano das emoções. O trabalho segue uma linha de pesquisa qualitativa, com um olhar descritivo-interpretativista, observando os dados processualmente. Por isso, embasa-se nos referenciais teóricos de Abreu (2009), Custódio Filho (2011, 2012, 2017), Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014), Fiorin (2017), Lima (2007), Marcuschi (2008), Perelman; Olbrechts-Tyteca (2014), Santos (2017), entre outros. Para realizar as análises, optou-se por discursos orais durante a votação do impeachment na câmara dos deputados, a fim de identificar como um mesmo referente/objeto de discurso é categorizado e recategorizado metaforicamente durante o processo de votação. Observaram-se também os usos dos argumentos proferidos pelos informantes da pesquisa (deputados federais). O foco da análise é o domínio político, mais precisamente, os discursos orais da votação do impeachment, proferidos por diferentes parlamentares. As análises puderam evidenciar que um mesmo referente/objeto de discurso sofreu transformações ao decorrer das votações. Além disso, percebeu-se que o fenômeno da recategorização, enquanto construção dinâmica e sociocognitiva, apresentou-se no plano do discurso de maneira gradativa ascendente e descendente, para a construção do sentido; e que os informantes utilizaram argumentos, com o objetivo de convencer e persuadir os interlocutores (auditório).
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Colóquio em Linguística e Literatura
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