Apresenta-se uma análise dos processos discursivos que produzem o(s) sentido(s) de “universalização” estabelecido como uma das diretrizes do Plano Nacional de Educação – PNE (2004-2024) e ratificado em suas metas estruturantes de ação. À luz do referencial da Análise do Discurso (AD), filiada a Michel Pêcheux e ancorado na perspectiva do materialismo histórico, este artigo aponta para a necessidade de compreensão das condições de produção do discurso (CPD) em que os ditos se constroem, produzem efeitos de sentidos e são apreendidos, com o propósito de desvendar o sentido de “universalização” no discurso da educação no PNE (2014-2024), bem como sobre a (im)possibilidade de sua efetivação, a partir de seus limites, quando inscrito em um projeto orgânico de classe dominante, sob a égide de um capitalismo – objetivado tardiamente –, com inserção subordinada aos imperativos do imperialismo. O corpus selecionado, em sua materialidade simbólica, constituído por sequências discursivas extraídas do referido Plano, possibilita identificar pistas que nos conduzem a buscar respostas para questões tais como: de que forma se produzem o(s) sentido(s) de “universalização” no discurso da educação no referido plano e como se dá esse processo? Assim, através da AD, tentando percorrer o eixo da discursividade, lançamos nosso olhar para alguns enunciados, considerando o quanto são significativos no momento de trabalhar a interpretação, os efeitos de sentidos e os processos que favorecem a recuperação desses sentidos. As reflexões, ainda em processo, buscam evidenciar que o discurso da educação utiliza-se do jogo ideológico (subentendido) da dissimulação dos efeitos de sentidos, resultante de um processo histórico e social, sob a forma de proposições incontestáveis, que impedem o sujeito de interpretar a realidade que o cerca, de estabelecer uma relação crítica com a língua, a história, os sentidos, e com ele mesmo.
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