Este trabalho intenta refletir acerca da prática docente dos alunos-professores de Libras formados pelos cursos de Letras-Libras que tende a destoar ou se afinar ao processo de ensino dessa língua gestovisual desenvolvido historicamente no Brasil e possíveis desdobramentos dele. Segundo Ledefeff e Angela (2014), tal processo foi constituído ao logo da história regido pelos princípios da Abordagem da Gramática e da Tradução (doravante AGT) e, nesse sentido, não seria estranho pensar que esse regime pudesse está sendo refletido no processo de formação de professores de Libras dos cursos de Letras-Libras do país. Com o intuito de alcançar tal objetivo, procedi metodologicamente da seguinte maneira: 1º, coletei o plano de aula e os diários reflexivos produzidos por mim e pelos alunos concernentes ao momento de prática docente proporcionado aos alunos-professores de Libras (referente ao sétimo encontro) do referido curso Universidade Federal de Alagoas e da disciplina Metodologia do Ensino de Libras; 2º, estabeleci um entrecruzamento entre os dados coletados e a concepção bakhtiniana de língua e conteúdo ideológico (BAKHTIN, 2017), discussões sobre a AGT, reflexões de Jalil e Procailo (2009) sobre metodologia de ensino de línguas estrangeiras e reflexões minhas construídas a partir de distopias utilizadas como material na própria disciplina, Admirável mundo novo (HUXLEY, 2014 [1932]) e Fahrenheit 451 (BRADBURY, 2012 [1953]) e, por fim, 3º, analisei na materialidade presente nesses dados a possibilidade da existência de discursos que tendem a destoar ou se afinar ao processo de ensino de Libras desenvolvido historicamente. Dessa forma, penso que tal reflexão nos leva a propor uma prática docente que se constitua contrariamente aos princípios da AGT, uma vez que a discussão a partir desta análise aponta um esvaziamento do que há de social num processo de ensino-aprendizagem de língua sob esse regime, isto é, estreitamente com a AGT, e isso é preocupante, pois que, segundo a concepção de língua que fundamenta este trabalho, a língua só se dá no processo de interação social (BAKHTIN, 2017).
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Colóquio em Linguística e Literatura
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