Os insetos ocupam especial posição na obra machadiana. Desde suas coletâneas de poemas, podem-se ver essas pragas que se alastram por toda a sua tertúlia. Situada no campo da Literatura, esta pesquisa é de cunho analítico e bibliográfico. Seu objetivo é o de apresentar uma análise dos textos machadianos com base na zoocrítica literária, tomando como base a borboleta preta que nomeia o trigésimo primeiro capítulo das Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), a mosca azul do poema homônimo publicado em Ocidentais (1880), o verme a quem é dedicado um poema publicado em Falenas (1870), alguns insetos que aparecem em suas crônicas, publicadas originalmente no diário Semana Ilustrada em 1862 e, ainda, uma sociedade de aranhas apresentada no conto “A Sereníssima República”, publicado primeiramente na Gazeta de Notícias em 20 de agosto de 1882 e, depois, incluído no volume Papéis Avulsos (1882). Para isso, utilizar-se-ão como aporte teórico as reflexões acerca da zoocrítica literária (MACIEL, 2011 e GARRARD, 2006), alguns autores da fortuna crítica de Machado de Assis (BANDEIRA, 1940; COUTINHO, 1960 e BOSI, 1982) e ainda sobre o simbolismo animal (PATOUREAU, 2015). Os resultados apontam não apenas para um teor melancólico presente nos textos machadianos, representados pelos insetos, como também para uma crítica à sociedade de sua época e seus costumes. Os insetos, portanto, fazem parte da literatura machadiana como uma metáfora que corrobora com a filosofia pessimista e melancólica a qual permeia toda a obra de Machado de Assis, seja representando o próprio asco, seja negando a possibilidade de uma convivência utópica em sociedade, a qual o ser humano, segundo ele, é incapaz de possuir.
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Colóquio em Linguística e Literatura
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