A presente comunicação visa interpretar as falas de alunos de uma turma do Ensino Médio que apontam para a noção colonialidade do ser (TORRES, 2007). Quijano (2007) explica que o fim do colonialismo não significou o término da colonialidade. Para o autor, a colonialidade opera nos níveis materiais e subjetivos, atuando, de modo profundo, na intersubjetividade dos povos colonizados. A colonialidade do ser, grosso modo, é entendida como os efeitos do colonialismo no nosso modo de vida mais íntimo, nas visões de si e dos outros, ditando papéis que homens e mulheres devem tomar e produzindo padrões a serem seguidos. Torres (2007) mostra que “a colonialidade de ser introduz o desafio de conectar os níveis genético, existencial e histórico onde se mostra de forma mais evidente seu lado colonial e suas fraturas”(p.130-131). Nesse sentido, pode ser entendida como uma imposição de uma racionalidade baseada na noção de raça, categoria mental, que só admite o padrão eurocêntrico, como as características fenotípicas de cor de pele, de cor dos olhos, de cabelos, aspectos culturais, religiosos, entre outros, excluindo, assim, os outros colonizados, entendidos como inferiores. A pesquisa foi realizada em uma turma do 1 ano do Ensino Médio do Instituto Federal de Alagoas, Campus-Satuba, durante 7 meses. Teve como metodologia a autoetnografia, por enfatizar a narração da experiência pessoal para refletir questões inseridas em práticas culturais (ADAMS, ELLIS e JONES, 2015). Desse modo, como discussão, apresento falas proferidas em sala de aula como "eu quero ser um gringo bonito e inteligente", "eu queria ser um negro americano" que podem corroborar a noção de colonialidade do ser. Além disso, reflito e interpreto as minhas posturas e práticas de sala de aula como professora pesquisadora.
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Colóquio em Linguística e Literatura
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