O presente estudo tem por objetivo identificar como surge uma ideia durante processos de escrita colaborativa efetivados por alunos recém-alfabetizados. Inserido no campo da Genética de Textos, a partir da abordagem linguístico-enunciativa proposta por Calil (2009), tomamos como unidade de análise o diálogo estabelecido entre dois alunos e a linearização do manuscrito em curso. Para a identificação do surgimento de uma ideia, elegemos como categoria de análise a memória semântica (recuperação de nomes de personagens, conceitos, tramas, etc.) e os tipos de relações associativas (Suenaga, 2005). Nosso corpus foi coletado através dos recursos audiovisuais propostos pelo Sistema Ramos e pertence ao acervo do Laboratório do Manuscrito Escolar (LAME). Este sistema oferece simultaneamente ao pesquisador o que foi falado pelos alunos enquanto estavam escrevendo o manuscrito. Analisamos 6 propostas de produção textual de uma mesma dupla de alunos portugueses de 7 anos de idade. Em cada processo, identificamos os principais elementos linguísticos geradores das ideias dos alunos. Neste trabalho, discutiremos sobre uma proposta de escritura, cujo tema, sugerido pela professora, envolve dois universos discursivos distintos, mas conhecidos pelos alunos: contos de fadas (Branca de Neve) e dinossauros. Assumindo que durante o processo de criação textual os alunos atualizam conhecimentos adquiridos a partir de suas práticas discursivas, nossa análise destaca o desencadeamento de uma rede associativa relacionada apenas aos nomes dos dinossauros como pista importante para identificarmos, a partir da memória semântica dos alunos, o surgimento de ideias durante o processo de escritura.
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Colóquio em Linguística e Literatura
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