A compreensão leitora é uma atividade cerebral altamente complexa e que imanta o fenômeno da aprendizagem em todas as áreas do conhecimento humano e, por isso, deve ser preocupação dos docentes das mais diversas disciplinas da Educação Básica e Superior. O presente trabalho é fruto de um estudo inicial da nossa tese de doutorado que tem como objetivo constatar em que medida a compreensão leitora é concebida pelos docentes e alunos das disciplinas técnicas do curso médio integrado de Agroecologia do Instituto Federal de Alagoas – Campus Murici, procurando constatar assim, uma das possíveis causas do déficit de aprendizagem, problema muito relatado entre os professores da Educação Básica. Pressupomos, portanto, que a compreensão leitora é uma habilidade trabalhada de forma intuitiva pelos professores e que nem sempre se mostra capaz de desenvolvê-la e, sendo assim, torna-se uma barreira real para a aprendizagem de certos conteúdos importantes, bem como para o posicionamento reflexivo e crítico dos alunos. É ainda objetivo da tese em andamento, uma ação de intervenção cuja metodologia pretende aplicar textos técnicos do cotidiano escolar dos alunos com atividades que priorizam as estratégias cognitivas e metacognitivas voltadas para a leitura, para então descobrirmos se o ensino explícito de técnicas e estratégias de leitura podem tornar os alunos em questão melhores leitores e por conseguinte, aprendizes autônomos e emancipados. trata-se, portanto, de uma pesquisa-ação que, segundo Thiollent (2000), objetiva “buscar soluções aos problemas reais”, ou seja, trata-se de uma intervenção para resolução de problemas. Tal propósito cumpre ainda o importante papel de aprimorar a prática, agindo e investigando sobre ela, como incentiva Tripp (2005). Este trabalho considera as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Língua Portuguesa (BRASIL 1998) e fundamenta-se, entre outros autores, nos estudos de Jou e Sperb (2006), que observam as estratégias metacognitivas como sendo aquelas usadas para potencializar a cognição, revelando que, durante o processamento cognitivo, há um controle consciente do leitor sobre esse processo, o que lhe permite, segundo os mesmos autores, “monitorar, autorregular e elaborar estratégias” conforme o grau de dificuldade. Nos apoiamos também, em Kato (1990) que afirma que as estratégias metacognitivas podem ser desenvolvidas a partir de situações-problema ou a partir de atividades que levem os alunos a estarem mais atentos ao seu processo compreensivo e ainda, segundo Leffa (1996) essas estratégias que conduzem a reflexões e avaliações do próprio conhecimento, direcionando o leitor a tomar medidas quando se verificam falhas de compreensão e são uma maneira de regular o processo de leitura, deixando o leitor em uma atitude de alerta em relação às operações mentais que realiza. Tais estratégias conduzem a uma atitude consciente diante do texto, o que, na visão de Solé (1998) e Kleiman (1996), permitem que a monitoria da leitura se desenvolva naturalmente, favorecendo ao leitor identificar falhas na sua compreensão, com vistas a cumprir um objetivo.
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