Maternidade, corpo e linguagem

  • Autor
  • Maria Elenice Costa Lima Lacerda
  • Co-autores
  • Francisca Liciany Rodrigues de Sousa
  • Resumo
  • Virginia Woolf, em Profissões para mulheres (2012), já pontuava o quanto que, para uma escritora, falar das experiências do corpo é complexo e conflitante. Também ela, em Três guinéus (2019), argumentou da importância do recrutamento das forças gestantes e do pagamento de um salário real para as mulheres exercerem o trabalho de dar à luz e criar os filhos. Afinal, não se pode negar que a maternidade tem sido uma das experiências mais negligenciadas ou vista por óticas reducionistas. É comum que a figura da mãe seja representada através dos laços afetivos, divinizados e deslocados das necessidades do sujeito que a exerce. Nesse sentido, as mães são representadas como seres assexuais e neutros cujos corpos e discursos nada pedem, exercem ou ocupam que não sejam ações ligadas ao sacrifício em prol dos filhos. Vale lembrar que essa representação foi firmada enquanto discurso no Iluminismo francês, com a publicação de Emílio ou da educação, de Rousseau, numa tentativa não apenas de convencer às mulheres-mães da importância de cuidar dos filhos, mas de diminuir os índices de mortalidade infantil do período, conforme demonstrou Elisabeth Badinter, em seu livro Um amor conquistado: o mito do amor materno (1985). As consequências do estabelecimento de um estatuto materno são apontadas pela estudiosa em O conflito: a mulher e a mãe (2010), numa crescente escolha das mulheres por não serem mães ou por adiarem a maternidade, pois tal estatuto mais onera do que gera bonificações para o casal. Tal fato aponta para a importância do Matricentric feminism (2016), de Andrea O’Reilly e para a urgência da desconstrução dos pressupostos maternos apontados pela pesquisadora. 

    Cientes disso, neste simpósio, objetivamos, a partir da crítica feminista, discutir as obras, escritas por mulheres, que expressam e problematizam a maternidade enquanto uma vivência corpórea, política e de linguagem.

  • Palavras-chave
  • Maternidade, Feminismo, Corpo, Autoria Feminina
  • Área Temática
  • 2 - Maternidade, corpo e linguagem
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  • 1 - A escrita feminina em revista: Brasil e Portugal (1900-1950)
  • 2 - Maternidade, corpo e linguagem
  • 3 - Literaturas de autoria feminina na América Latina e Caribe: interlocuções, escrevivências e feminismos negros.
  • 4 - Literatura e autoria feminina latino-americana: memória, identidade e resistência
  • 5 - Mulheres que escrevem
  • 6 - Linguagens e Teoria queer
  • 7 - Escrita de mulheres: literatura e memória
  • 8 - Diálogos entre literatura, memória e história: vozes femininas no espaço literário
  • 9 - Mulheres, imprensa e memórias: interfaces entre a história e a literatura
  • 10 - Diálogos África-Brasil: diferenças e identidades na literatura de autoria feminina brasileira e africana
  • 11 - O hoje e o amanhã em obras em língua inglesa escritas por mulheres - identidade, gênero, crise e deslocamentos
  • 12 - Literatura, violência contra as mulheres e relações de gênero
  • 13-Literatura e Gênero: Identidades Culturais e Poder

Comissão Organizadora

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Critica Feminista
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