Vivências traumáticas são responsáveis por marcar de maneira profunda os sujeitos que a por elas são atingidas, roubando-lhes as possibilidades de conseguir compreender o mundo e a si mesmos, em uma ação tão violenta que pode eclipsar até mesmo a noção de identidade dos sujeitos. As mulheres, como alvos de grandes ações opressivas nos mais amplos campos de vivência acabam carregando a dor de uma tentativa de superação e busca por si mesmas, graças à maneira como a sociedade minimiza as ações cruéis contra estas. Desta forma, o presente trabalho objetiva analisar a memória enquanto instrumento de resgate de identidade das personagens Maria Inês e Clarice, dentro da narrativa não linear da obra Sinfonia em Branco (LISBOA, 2003). A análise de alicerça nas discussões sobre a temática da memória usando autores como Gagnebin (2004) e Halbwachs (2013), sobre trauma, violência de gênero e sua relação com a identidade, baseia-se em Petit (2009), Chatterjee (1999), Costa (2021), entre outros. A investigação aponta que, no contexto da ditadura brasileira, o trauma do estupro vivido por Clarice e presenciado por Maria Inês e molda as personalidades de ambas que as fazem sentirem-se perdidas com relação às próprias identidades. A narrativa fragmentada e marcada por momentos memoriais são instrumentos que compreender como ambas buscam um “resgate de si” por meio das lembranças do que foi vivido.
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica