“Calar não é não saber o que dizer”. É desta forma que a mexicana e monja enclausurada Juana Inés de la Cruz (1648-1695) se expressa diante das acusações de insubordinação e rebeldia diante do autoridades clericais do catolicismo na carta conhecida como “Respuesta”, escrita entre 1690 e 1695. A carta emerge em um contexto de grandes acusações contra a monja que, desafiando a ordem do silenciamento, escrevera uma crítica ao Sermão do Mandato (1650) do jesuíta Antônio Vieira (1608-1697). Distante de um ataque pessoal, Juana discute teologicamente a ideia de “amor fino”, defendida por Vieira, e intitula sua análise como “Carta Atenagórica” (1690). A referência à Atena, divindade grega relacionada ao saber e a inteligência, aludia ao poder argumentativo da monja, compreendido à época como enganador e não próprio ao gênero. Contudo, o que há de tão perigoso no saber feminino? Tal é a questão discutida por Juana na segunda carta, que alcança o nível de manifesto em defesa das potencialidades intelectuais femininas. Analisar tanto o “perigoso” feminino quanto a obra “Respuesta” é o objetivo dessa comunicação, que se propõe a dessacralizar a misoginia pregada pelo catolicismo, bem como devolver a voz às mulheres pensadoras.
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica