Lidas em diálogo, a poesia de Adília Lopes e Ana Cristina Cesar apontam saídas criativas para a problemática da tradição literária de mulheres. A ideia de female tradition (Elaine Showalter, 1977) é problematizada por reiterar aspectos da tradição dominante, entretanto, o problema da recuperação histórica de autoras segue relevante. Além da reapropriação performativa de estereótipos da feminilidade: “sou uma personagem de ficção científica, escrevo para me casar” (LOPES, 2014, p. 291); ou: “sou uma mulher do século dezenove/ disfarçada em século vinte” (CESAR, 2013, p. 247), a relação de Cesar e Lopes com referências femininas na sua escrita é sempre problematizante e provocativa, sugerindo outra via de diálogo na poesia de mulheres. Comprometida com a busca pela coletividade de mulheres e fugindo, porém, de idealismos, a poesia de Lopes se apresenta como “uma espécie de herstory descontínua e problematizante” (KLOBUCKA, 2009), que poderá ajudar a lançar luz sobre outras relações pouco estudadas entre obras de mulheres. É o caso da epígrafe do livro Florbela Espanca Espanca, referência ao soneto “Este Livro” (Klobucka, 2003), que nos permitirá uma leitura inédita do poema homônimo de Ana Cristina Cesar, indicativa de uma relação intertextual ainda inexplorada pela sua fortuna crítica.
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica