Neste trabalho, pretende-se analisar a especificidade da figuração das escritoras Lygia Fagundes Telles e Rachel Jardim como narradoras em dois diários ficcionais: A disciplina do amor (1980) e Vazio Pleno- relatório do cotidiano (1976), respectivamente. Nesses livros, ocorre uma inversão dos valores meramente intimistas e subjetivos do gênero diário para que suas narradoras possam se projetar como mulheres em direção a um futuro – perspectiva inovadora no que se refere à narrativa feminina, historicamente. Os pequenos fragmentos que compõem A disciplina do amor são alimentados, entre outros recursos, por um repertório de convenções e soluções oriundas muitas vezes das histórias romanescas, mesmo que isso ocorra em chave paródica; por outro lado, em Vazio Pleno, Rachel Jardim assume-se como narradora que escreve um diário íntimo, ao qual, no entanto, seus leitores têm acesso, já que, “escrever, para a narradora, tem o poder de revelar e de promover o autoconhecimento” (ALMEIDA, 2008, p. 148). Por meio das análises dos livros em questão, será possível compreender como essas escritoras desafiam uma tradição de narradores de nossa literatura no que tange à reconstrução da memória social e cultural do Brasil do final do século XX do ponto de vista de mulheres escritoras.
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica