A obra de ficção Sul (2016), de Veronica Stigger, é composta por quatro textos literários, atravessados pela proposta de reunir gêneros distintos, atravessados pelo sangue como elemento de ligação imagético, semântico e sinestésico. Assim, temos o conto 2035, o drama teatral Mancha e os poemas O coração dos homens e A verdade sobre o coração dos homens. Os textos reúnem os gêneros épico, dramático e lírico, em temáticas distintas, dentre as quais destacamos a distopia existente no conto 2035, na qual é narrada em terceira pessoa uma sociedade na qual celebra-se o assassínio de uma criança em praça pública. Para a análise, mobilizados o conceito de homo sacer (AGAMBEN, 2002) e de necropolítica (MBEMBE, 2016) para refletir sobre uma fabulação que culmina em uma prática brutal, concertada pelo poder político, na qual se perde o sentido sacrificial da vida humana. Discutimos os sentidos dessa narrativa a partir do paradoxo da racionalidade da barbárie (ADORNO, 1985), na qual a catástrofe não só adquire dimensão real ao se representar como possibilidade e tendência na história (SCHIAVINATTO, 2009), como provoca reflexão pela contundência, pelo choque e pelo estranhamento.
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica