O objetivo deste trabalho consiste em analisar os contos “Amor”, de Clarice Lispector (1998), e “I love my husband”, de Nélida Piñon (2012), desnudando as representações do feminino instituídas pelos discursos fundadores do Patriarcado. Para direcionar esta pesquisa, utilizaram-se os postulados teóricos de Perrot (2007), Saffioti (2015), Bourdieu (2012), a fim de entender como a dominação masculina é legitimada por estruturas como Igreja, Estado, Família, Escola, bem como os fundamentos da Crítica Feminista abordados por Hollanda (1994), Showalter (1994), Schmidt (2000), Zolin (2009), Butler (2003), Scott (1992), Lauretis (1994), o que permitiu refletir sobre os mecanismos estético-temáticos de práticas literárias, principalmente as de autoria feminina. Em linhas gerais, apesar de não ter havido mudanças na condição da mulher introjetada pelo Patriarcado, uma vez que as personagens dos contos aqui analisados permanecem imersas na reprodução dos papéis tradicionais de gênero, o discurso dessas narrativas, longe de mostrar-se indiferente às questões histórico-sociais, como as aqui discutidas, está permanentemente marcado por relações ambíguas entre aceitação e questionamento, debruçando-se sobre os conflitos existenciais da alma feminina. Isso dá margens para problematizar a institucionalização do matrimônio, da maternidade, enquanto ápice dos desejos femininos, tecendo reflexões em torno dos desfechos das tensões dramáticas sofridas pelas personagens.
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica