Este ensaio parte da perspectiva de pensar nas histórias locais, literaturas e memórias com base em sua representação literária e narrativa, portanto simbólica, não com a intencionalidade de desenvolvê-lo como um objeto de mero registro para preservação ou de permanência do passado, mas como problematização das produções culturais e epistêmicas locais que contribuem para dar “propriedade de conservar certas informações” (Jacques Le Goff 1984). Meu corpo “hospeda”(Pessanha) o conhecimento empírico produzido por mulheres-fronteira no espaço geográfico do oeste do estado de Mato Grosso do Sul. Tendo como referência a obra Morro Azul: estórias pantaneiras, de Aglay Trindade Nantes (2010), que relata as memórias e histórias locais da região, como prática social. Direciono este estudo para um aprofundamento na questão do pensamento crítico de fronteira, por fim, mantenho alicerçada na “rocha” minha decisão, a minha opção por uma forma de pensar “outra”, ou como também podemos dizer pensar “atematikanagadi”[1] que na língua Kadiwéu significa, o “lugar de contar histórias”, a fronteira sul, que “permite minha inscrição como [mulher-fronteira] da qual eternamente farei parte, mesmo depois de minha morte.”(Nolasco, 2013, p.87)
[1] Ver Dicionário da língua Kadiwéu - atematikanagadi lugar (de) para contar histórias. Disponível em:https://www.sil.org/system/files/reapdata/74/06/08/74060839706011162756896570533590209458/KDDict.pdf/ Acessado em: 14 de Out. 2021
Comissão Organizadora
Leandro de Carvalho Gomes
Critica Feminista
Algemira de Macêdo Mendes
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza
Nayane Larissa Vieira Pinheiro
Nágila Alves da Silva
ANDRE REZENDE BENATTI
Alexandra Santos Pinheiro
Comissão Científica