O Papiloma Vírus Humano (HPV) é um vírus que causa lesões na mucosa e na pele. Suas manifestações são: papiloma, verruga vulgar e condiloma acuminado. A principal forma de transmissão é por via sexual, no entanto o uso de objetos compartilhados com alguém contaminado é uma forma possível de contaminação, porém rara. As informações deste trabalho foram obtidas em prontuário, entrevista, exame físico, registro de exames diagnósticos e revisão da literatura. Paciente EVAN, 11 anos, menarca há 7 meses, queixa-se de prurido e tumorações em região vulvar há 3 meses. Mãe é usuária de drogas e profissional do sexo. Não é vacinada contra o HPV e nega ter tido qualquer relação sexual consentida ou não, sem qualquer tipo de tensão ou nervosismo durante consulta. Os sintomas iniciaram após realizar depilação na região afetada com lâmina também utilizada pela mãe. Ao exame físico: Vulva com tumorações congruentes, em extensão de região inguinal à esquerda e terço posterior de grandes lábios, com base hiperemiada e vascularização exacerbada. Hímen íntegro. Sorologias para HIV e VDRL não reagentes. Realizada biópsia das lesões e eletro cauterização sob anestesia local. Anatomopatológico com Condiloma Acuminado. Feito tratamento com Imiquimode por 2 semanas, com melhora completa dos sintomas. Em crianças, a frequência de infecções pelo HPV tem aumentado e parece ser relacionado ao aumento da incidência de condiloma em adultos, cuja infecção pelo HPV é considerada quase exclusivamente uma DST. Outros modos de transmissão podem ocorrer nas crianças: transmissão vertical, inoculação digital ou por meio de outras lesões. A ocorrência de abuso sexual deve sempre ser levado em consideração e investigado. No caso, a paciente teve contato com objeto contaminado - lâmina de depilação - também usado pela mãe. A transmissão ocorreu através de atrito do objeto contaminado com a pele sã da paciente, possivelmente após microtraumatismo causado pela depilação. Abuso sexual foi descartado pois paciente encontrava-se com hímen íntegro e não havia relatos de abuso ou sinais psicológicos que atestassem o mesmo. O caso relatado traz a discussão de uma situação rara e complexa, uma vez que a avaliação médica e o manejo da infecção pelo HPV em crianças são complicados, pelo longo período de latência do vírus, diferentes modos de transmissão e ausência de um regime terapêutico único e eficaz. É importante notar que, mesmo raro, existem outras condições para transmissão além da via sexual.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo