A vaginose bacteriana (VB) é a infecção vaginal mais prevalente que acomete mulheres em idade fértil, estando associada a inúmeros fatores de risco. Uma Microbiota vaginal (MBV) composta predominantemente por Lactobacillus spp. é protetora e previne as infecções do trato genital. O diagnóstico da VB é comumente realizado através da presença de sinais e sintomas clínicos e por critérios como: aferição de pH vaginal, teste das aminas, microscopia a fresco ou bacterioscopia pela coloração de gram (índice de Nugent). No entanto, em muitos casos, o diagnóstico clínico pode ser impreciso ou incorreto, sendo o emprego de métodos moleculares uma ferramenta de maior precisão, por ser possível identificar e quantificar os micro-organismos que compõe a MBV, permitindo sua classificação. O objetivo deste estudo foi categorizar e analisar as principais espécies causadoras de VB e as principais espécies de Lactobacillus que compõem a microbiota vaginal, identificadas e quantificadas no exame diagnóstico que emprega a técnica de RT-PCR. Foram incluídas 225 pacientes e foram classificadas a microbiota vaginal de 217 mulheres, sendo 8 não classificadas por não terem nenhum tipo de micro-organismo identificado na amostra. As microbiotas vaginais foram ainda identificadas como: disbióticas, por redução ou excesso de Lactobacillus spp.; ou eubióticas, quando os Lactobacillus spp. estavam em quantidades adequadas. As duas Community State Types (CST) encontradas foram CST I e CST IV-B, entretanto, como houve a identificação da presença de Lactobacillus spp. em concomitância com os anaeróbios, esta última foi subdividida em quatro subgrupos CST IV-B, sendo eles: 1-clássica (ausência de Lactobacillus spp.), 2-com L. crispatus, 3-com L. iners e 4-com L.jensenii. Os micro-organismos mais prevalentes foram Gardenerella vaginalis e Atopobium vaginae. A observação da presença de Lactobacillus spp. nas amostras com bactérias anaeróbias, corrobora com a hipótese de que a vaginose bacteriana é uma infecção polimicrobiana, e que os Lactobacillus embora desempenhem importante papel para prevenção de infecções vaginais e contribuam para a saúde vaginal, na presença destas bactérias podem perder essa capacidade protetiva e permitir que a infecção ocorra. Este trabalho demonstrou a importância da utilização de técnicas moleculares no auxílio do diagnóstico correto das infecções vaginais, e, ao demonstrar que a vaginose bacteriana ocorreu mesmo na presença de Lactobacillus spp., uma das principais espécies que compõe a microbiota vaginal, demonstrou a importância da utilização de técnicas moleculares no auxílio do diagnóstico correto das infecções vaginais.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo