O Papiloma Vírus Humano (HPV) é um potencial causador de câncer, tendo como sítios comuns o colo de útero, boca e ânus. A infecção por esse vírus é muito frequente, apesar dos 8 anos de vacinação no Brasil. O rastreio do câncer de colo de útero através da colpocitologia oncótica é uma ferramenta de extrema importância para identificação das lesões e início do tratamento, entretanto o rastreio citológico se dá apenas para essa região. É evidente que as verrugas são marcadores clínicos dessa infecção, comumente vistas durante o exame ginecológico e descritas com localização na vagina, vulva e colo de útero, porém, vê-se que a inspeção do ânus é, por muitas vezes, negligenciada. Assim, discorrer sobre esse tema é importante uma vez que a infecção anal por HPV é um alto risco para o câncer de ânus. O presente trabalho é uma revisão bibliográfica, realizada a partir de pesquisa em bases de dados da Pubmed com filtro de texto completo grátis, catalogados na temática da infecção anal por HPV. O estudo tem como objetivo alertar sobre a necessidade do exame anal, tendo em vista rastrear o câncer de ânus. É conhecido que o HPV é responsável pela maioria dos casos de câncer de colo de útero, contudo a taxa de câncer anal por HPV é uma crescente. Essa afecção acomete com maior frequência homens que fazem sexo com homens e pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana, fato contribuinte para que mulheres sejam deixadas de lado na investigação do câncer anal. Ao que se sabe, o colo do útero é um reservatório significativo para a infecção anal pelo HPV, logo, não é necessário que a paciente afirme a prática de sexo anal para que haja a determinação do risco. Além desse fato, os trabalhos lidos durante a revisão, apontam o HPV tipo 16 como o principal fator carcinogênico tanto em sítio genital como anal, o que fortalece a possibilidade da concomitância das infecções, todavia demonstra também um ponto positivo diante do programa de vacinação que inclui o tipo 16. Os sinais e sintomas desse tipo oncogênico não são específicos e nem precoces, sendo diagnosticado, muitas vezes, quando já apresenta invasão de estruturas como a vagina, uretra e bexiga. Diante do que foi visto, aponta-se a importância da inclusão do exame da região anal durante o exame ginecológico, bem como a realização da coleta de material citológico anal em pacientes com lesões causadas por HPV em região anogenital e/ou colo de útero, uma vez que são claramente um fator de risco ao câncer anal.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo