Introdução
Alterações na composição do microbiota cervicovaginal estão sendo apontados como cofatores responsáveis pela progressão da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) à câncer de colo de útero invasivo. Nesse processo, a disbiose, provocada por microrganismos genitais, age através de ações imunossupressoras locais bem como por alterações metabólicas e favorecem a infecção por HPV de alto risco, possibilitando, assim, a carcinogenêse.
Objetivo
Relacionar alterações no microbiota cervicovaginal com o desenvolvimento do câncer de colo uterino.
Material e Métodos
Trata-se de uma revisão de literatura integrativa, com estratégia de busca no DATABASE Pubmed. Utilizaram-se os seguintes descritores “Microbiota” e “Uterine Cervical Neoplasms”, com limitação de cinco anos no período de publicação. Excluíram-se revisões de literatura e artigos cuja temática não atendessem aos temas centrais dessa revisão: microbiota cervicovaginal, câncer de colo de útero e infecção pelo HPV.
Resultados
Dos 14 artigos encontrados no Pubmed, apenas 5 obedeceram aos critérios de inclusão. Nesses, foi definido que a infecção persistente pelo HPV, principalmente pelos subtipos 16 e 18, configura como principal fator de risco para a progressão de NIC à câncer de colo uterino invasivo. Nesse contexto, estudos realizados através de swabs vaginais vêm associando alterações no microbiota cervicoaginal e positividade para infecção pelo Papiloma Vírus Humano. Assim, observou-se que mudanças na flora vaginal como diminuição na contagem de Lactobacillus e aumento na quantidade e na diversidade de bactérias anaeróbicas especificamente a espécies Gardnerella Vaginallis e a Clamydia Trachomatis são cofatores importantes envolvidos na carcinogênese e na progressão tumoral. Isso se dá através do processo de disbiose que provoca a substituição de espécies comensais, que seriam capazes de desencadear resposta imune, por microrganismos patogênicos, inertes imunologicamente, favorecendo, dessa maneira, a infecção viral persistente por HPV. Além disso, a redução na contagem de lactobacillus causa alterações metabólicas no muco cervical devido à redução na produção do metabólito, D-lactato, que possui importante função na viscosidade da secreção, e, portanto, no mecanismo de aprisionamento viral e no controle de microrganismos associados à neoplasia maligna de colo uterino.
Conclusão
Constata-se que a infecção por HPV e as alterações na flora microbiana cervicovaginal como: depleção na população de lactobacillus e aumento na diversidade de espécies microbianas anaeróbicas estão associados a um risco aumentado para a progressão do câncer de colo uterino podendo, assim, contribuir como biomarcadores para o desenvolvimento de terapias alvo.
Palavras-chave
“Microbiota”; Uterine Cervical Neoplasms”.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo