Introdução: Tem sido demonstrado um aumento significativo nas taxas de infecção pelo vírus HIV entre indivíduos na faixa etária de 60 anos ou mais, nos últimos 10 anos. Mesmo com as alterações biopsicossociais decorrentes do processo de envelhecimento, os idosos conseguem manter uma vida sexual ativa, devido aos avanços da saúde e qualidade de vida. Com o envelhecimento populacional, surgem novos desafios, como a exposição dos idosos a patologias que antes não os acometiam de forma significativa, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), com destaque para o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Além disso, a falta de políticas públicas específicas, devido à falta de informação e preconceito da sociedade, incluindo os médicos e os próprios idosos, faz com que essa faixa etária seja acometida pelo HIV. Objetivo: Identificar os fatores de risco associados ao aumento da incidência de HIV na população idosa. Material e Métodos: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, na qual realizou-se um levantamento bibliográfico nos bancos de dados MEDLINE, SciELO e PubMed no período de 2012 a 2022. Resultados: O aumento do percentual de idosos infectados com HIV está relacionado a fatores sociais, culturais e biológicos. Devido ao rápido envelhecimento populacional e consequente aumento da expectativa de vida somado aos avanços na área da saúde como o desenvolvimento de medicamentos para disfunção erétil e terapia de reposição hormonal, possibilitaram um aumento da atividade sexual entre os idosos, com consequente exposição a ISTs. No Brasil, a problemática do envelhecimento e do HIV tem conexão direta com o preconceito social relacionado à prática de atividade sexual nesta idade, perpetuando a crença cultural de que há uma ligação direta entre o avançar da idade e o declínio da atividade sexual. Logo, muitos profissionais tendem a considerar os idosos assexuados, dispensando a abordagem preventiva e informativa, retardando o diagnóstico. Além disso, há uma baixa adesão e intolerância dos homens idosos ao uso de preservativos. Já para as mulheres menopausadas, a gravidez deixa de ser uma preocupação, dispensando seu uso. Mudanças relacionadas à senescência como a queda da imunidade, múltiplas comorbidades e, nas mulheres, a fragilidade e o ressecamento das paredes vaginais favorecem a infecção pelo vírus do HIV. Por fim, inexistem políticas públicas para prevenção de ISTs direcionadas a este grupo etário, tornando as atividades de informação e prevenção na população idosa falhas. Conclusão: A desinformação somada ao preconceito social quanto a sexualidade dessa população, torna esses indivíduos mais vulneráveis ao risco de infecção pelo HIV. Portanto, é necessário que os profissionais de saúde compreendam os variados contextos socioculturais em que os idosos estão inseridos e como vivenciam sua sexualidade, para realizar ações preventivas e assistenciais no contexto da atenção integral à saúde do idoso, contemplando suas particularidades.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo