Introdução: O líquen escleroso vulvar (LEV) é uma dermatite inflamatória crônica que alterna áreas atróficas (hipopigmentadas) com outras hiperplásicas (pápulas coloridas confluentes). Pode ocorrer em qualquer idade, com 2 picos de maior incidência, início da pré-puberdade e pós-menopausa. Manifesta-se com prurido e ardor, embora muitas vezes seja assintomático. Sua etiologia não está bem estabelecida, mas a hipótese principal envolve genética e autoimunidade. Alguns relatos de casos destacam a manifestação do LEV em pacientes com Síndrome de Turner (ST). Objetivo: Analisar a relação entre líquen escleroso vulvar e síndrome de turner. Material e Métodos: Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica realizada nos bancos de dados PubMed e BVS, com a estratégia de busca: “Vulvar Lichen Sclerosus” AND “Turner Syndrome”, e Scielo, com o descritor “Vulvar Lichen Sclerosus”. A seleção foi realizada em três etapas consecutivas: leitura dos títulos, resumos e textos completos. No total, foram encontrados 18 artigos, dos quais 5 foram selecionados após a aplicação dos fatores de inclusão (artigos dos últimos 10 anos condizentes com o tema e com o objetivo do trabalho) e de exclusão (artigos com texto incompleto, revisões de literatura e que tratavam de líquen escleroso vulvar associado a uma disgenesia gonadal diferente da síndrome de Turner). Resultados: : Foram encontrados 5 relatos de casos dissertando sobre 150 pacientes do sexo feminino com ST, provado por cariótipo. As pacientes tinham idade entre 3 e 52 anos. Após a realização de sistemáticas inspeções vulvares e biópsia, 18% (n=27) das pacientes foram diagnosticadas com LEV, presente principalmente em mulheres com idade média de 34,5 anos. A respeito do quadro clínico, 44,4% (12) das mulheres diagnosticadas com LEV apresentaram-se assintomáticas; já 55,6% (n=15) manifestaram prurido vulvar e sensação de queimação; sua presença está associada à de outras doenças autoimunes, como tireoidite ou hepatite. Quanto ao tratamento, foi manejado tratamento tópico com clobetasol duas vezes ao dia e acompanhamento ambulatorial; assim, verificou-se o desaparecimento das escoriações e boa resposta clínica em todas as pacientes. Conclusão: Conclui-se, portanto, que a detecção precoce do líquen escleroso vulvar é importante, devido ao risco de possível malignização. Atualmente, o uso de corticosteróides tópicos potentes é o tratamento de escolha para o líquen escleroso vulvar. Com isso, reitera-se a imprescindibilidade do acompanhamento ambulatorial em mulheres com ST para evitar o desenvolvimento de carcinogênese vulvar.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo