INTRODUÇÃO:
Carcinoma de células escamosas não HPV é uma doença de baixa prevalência na população e decorre principalmente por agressão crônica associada a líquen escleroso (LE). Devido a baixa incidência desse tipo de lesão é importante a investigação e diagnóstico para possibilitar tratamento precoce.
DECRIÇÃO DO CASO: Paciente 84 anos, com prurido vulvar há 32, durante internação clínica foi diagnosticada lesão tumoral vegetante e friável em vulva com 12 cm de extensão, topografia de região clitoriana, grande e pequeno lábios esquerdo e região perineal, infiltrando paredes posterior e lateral esquerda de vagina. Durante consulta realizada vulvoscopia e biópsias incisionais. Anátomo patológico com diagnóstico carcinoma invasor de células escamosas, HPV independente.
DISCUSSÃO: O câncer de vulva é o menos comum dentre os cânceres ginecológicos, contudo dentro deste tipo, o carcinoma de células escamosas é o mais frequente, representando cerca de 75% dos casos. A infecção persistente por papilomavírus humano (HPV) é principal causa, todavia parte decorre de distrofias vulvares como o líquen escleroso.
O carcinoma escamoso de vulva (CEV) por infecção persistente HPV normalmente acomete mulheres mais jovens, e tem diagnóstico em fases iniciais. Contudo as decorrentes de distrofias vulvares ocorrem em pacientes em idade avançada.
Clinicamente as neoplasias escamosas de vulva se apresentam por lesões tumorais vegentates. A investigação é a partir de vulvoscopia e o diagnóstico por anátomo patológico de biópsias. O CEV tem baixa incidência de disseminação porém pode ocorrer por acometimento local, ou por metástase
O tratamento depende do estadiamento, sendo vulvectomia simples para exérese de lesão nos casos sem invasão profunda ou vulvectomia radical associado ou não a linfadenectomia nos casos com invasão
O LE pode ocorrer em qualquer idade, com picos na fase pré-pubere e menopausa. A verdadeira prevalência não é conhecida; Etiologia é desconhecida porém vários mecanismos são propostos como: fatores genéticos, locais, imunológicos, hormonais e infecciosos. Sintoma mais comum é o prurido e dor associado a lesão cutânea, também pode apresentar sintomas de dispareunia e disúria, mais raramente pode ser assintomático. A lesão cutânea mais comum se caracteriza por pápulas/placas esbranquiçadas e atróficas. As lesões mais frequentemente afetam os lábios vaginais, porém pode se estender até regiões perineal e perianal.
O tratamento do LE é medicamentoso com uso de corticóides tópicos de alta potência como principal opção. Outra parte da terapêutica é a educação da paciente para conscientização da doença e possibilidade de evolução para lesões malignas.
CONCLUSÃO: O diagnóstico e tratamento do LE mostra-se de suma importância para a prevenção de CEV HPV independente uma vez que é uma patologia sintomática, de evolução lenta e com terapêutica medicamentosa em oposição a uma lesão maligna que tem seu tratamento definitivo por via cirúrgica.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo