A questão estética feminina sempre foi motivo de debate, e a estética vulvar em especial tem crescido bastante. Em uma sociedade que cria padrões de beleza feminina, as mulheres recorrem às cirurgias como forma de melhorar sua autoestima, não percebendo o método paliativo destas. Diante disso, cirurgias como labioplastia e clitoriplastia são realizadas continuamente para que a vulva tenha a conformação de uma pré-púbere, embora muitas adolescentes vêm recorrendo a tais métodos. Nesse sentido, objetiva-se analisar o atual panorama que influencia no excesso de vulvoplastias feitas atualmente, bem como suas consequências. Trata-se de um estudo observacional descritivo de relato de caso. Menina de 9 anos vai ao ambulatório sem queixas ginecológicas, mas com alteração anatômica da vulva, motivo pelo qual sua mãe a levou para buscar a realização de uma cirurgia estética. A vulva apresenta abertura proeminente dos lábios maiores acompanhada de hipertrofia do clitóris e exteriorização dos lábios menores. O aumento das cirurgias estéticas e a influência midiática certamente interferem na escolha da mãe em buscar a “correção” da vulva da filha. Em estudo conduzido na Austrália houve um aumento de 64,5% nas vulvoplastias entre 2001 e 2013, e 1 a cada 10 pacientes tenderão a realizar outros procedimentos. Isso mostra que em uma sociedade baseada em estética e erotização, a cirurgia não resolverá definitivamente o problema, que deve ser corrigido começando pela autoestima feminina. As cirurgias se baseiam na aplicação de laser ou colágeno, trazem bons resultados, porém estas não são isentas de possíveis complicações como problemas do trato urinário, dispareunia ou perda da sensibilidade local, além disso, em pacientes jovens, há o risco para a estabilidade de seu aparelho genital em desenvolvimento. Logo, é importante que operações do tipo em menores de idade sejam acompanhadas de informação dos riscos, bem como aconselhamento para os responsáveis e para a própria paciente, visto que a mãe, influenciada pelos padrões de beleza socialmente impostos, interfere na liberdade de escolha da filha, psicologicamente imatura, criando assim um ciclo que perpetua a padronização estética. O caso retrata uma mãe que busca a realização de cirurgia estética vulvar na filha, o que traz a reflexão de como os padrões de beleza feminina são perpetuados pelas gerações, não considerando os riscos da operação e mostra que a resolução deve começar psicologicamente através da auto-aceitação.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo