A endometriose é uma condição em que o tecido endometrial encontra-se fora de sua posição, estando em lugares como bexiga ou ovário. Sua etiopatogenia envolve desde distúrbios imunológicos, até metaplasias com formação de células endometriais diante da influência estrogênica. Seus sintomas incluem dor pélvica, dismenorreia ou mesmo infertilidade, o que a torna uma doença de grande impacto na qualidade e saúde feminina. Em especial, existe a endometriose do colo uterino, condição mais rara e cujo diagnóstico, baseado na colposcopia, pode ser complexo e gerar bastante dúvida, diferente quando realizado anatomopatológico. Nesse sentido, objetiva-se analisar a importância da colposcopia no diagnóstico de endometriose. Trata-se de um estudo observacional descritivo de relato de caso. Diante de uma análise colposcópica de rotina seguida de coleta cervical, foi observado no colo uterino aparentes hematomas na ectocérvice, as quais despertaram a atenção sobre a possibilidade de endometriose de colo do útero. O padrão-ouro para diagnóstico de endometriose do colo uterino envolve a histopatologia. Tal exame revela os achados de tecido glandular e estroma do endométrio, eritrócitos extravasados ou macrófagos contendo hemossiderina. Contudo, podem haver casos de resultado falso negativo, já que o extravasamento do sangue no colo, por exemplo, ocultam a presença das células endometriais na biópsia e são responsáveis pelo erro de diagnóstico. Assim, é importante levar em consideração a história clínica e a análise colposcópica na investigação de endometriose, em que classicamente são encontradas lesões avermelhadas ou preto-azuladas com focos endometriais na ectocérvice, sem avançar na junção escamocolunar, outros achados envolvem áreas ulceradas ou acetobrancas. Ademais, deve-se atentar também para presença de hematomas indicativos de endometriose, principalmente em mulheres no menacma. Por outro lado, atentar que nas mais em idosas devido à fragilidade do tecido endometrial na ectocérvice muitas vezes favorece a focos de hematomas. Esses achados, descritos como miscelânea, podem mascarar uma endometriose. Portanto, torna-se importante a conduta expectante na colposcopia diante de tais achados, de modo a observar a persistência das lesões em exames sucessivos, o que é forte indicativo de endometriose e auxilia na conduta diagnóstica, não somente dependente do resultado histopatológico. Vale salientar que mais critérios colposcópicos sejam acrescentados para aproximar os achados das lesões de endometriose no colo uterino. O caso em tela busca contribuir com o aprimoramento do Colposcopista mediante um achado de hematoma na ectocérvice como um diagnóstico diferencial de endometriose de colo uterino. Tal achado traz a reflexão sob o modo de não depender exclusivamente da histopatologia para o diagnóstico. Atentar que o mesmo embora considerado padrão-ouro, está passível de falsos negativos.
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