O principal agente causal do câncer de colo do útero é o Papillomavírus Humano (HPV) e há formas efetivas de prevenção desta neoplasia amplamente estudadas. A vacinação contra o HPV é a principal forma de prevenção primária, uma vez que impede a infecção viral e o início da história natural da doença, enquanto o rastreamento, através do exame de Colpocitologia Oncótica é método de escolha para a detecção precoce, permitindo a identificação das lesões precursoras. A educação em saúde sobre práticas de autocuidados, juntamente com rastreamento são consideradas medidas de prevenção secundária e o tratamento de lesões precursoras é a prevenção terciária contra a neoplasia. O desconhecimento sobre a infecção pelo HPV e sua relação com o câncer de colo do útero está entre os motivos principais para a não realização periódica de tais práticas de saúde. Assim, este estudo se propôs avaliar as medidas de autocuidado e o nível de conhecimento sobre o tema, comparando estudantes universitárias das áreas da saúde – Grupo 1 (medicina, enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia, odontologia e terapia ocupacional) e estudantes universitárias de outras áreas – Grupo 2 (humanidades e exatas/tecnológicas). Trata-se de estudo transversal, prospectivo, usando questionário (Plataforma Google Forms®) com questões fechadas para caracterizar os grupos de respondentes, questões sobre medidas de autocuidado (aspectos comportamentais, sexuais, vacinais, anticoncepcionais e ginecológicos) e de conhecimento técnico sobre saúde do trato genital feminino. As questões foram idênticas para ambos os grupos. Tivemos 430 respondentes, sendo que 22 foram excluídas porque suas respostas foram consideradas inconsistentes, resultando 191 no Grupo 1 e 217 no Grupo 2. As respostas foram avaliadas inicialmente pelos autores e por fim aplicamos o Teste de Qui-quadrado de Pearson, com significância de 0,05. Ambos os grupos foram semelhantes em relação às variáveis epidemiológicas. Encontramos 11,73% maiores de 25 anos, 87,25% com vida sexual ativa, 94,36% que já se consultaram com o ginecologista e 60,05% que já realizaram colpocitologia oncótica (houve diferença significativa entre os dois grupos, sendo o Grupo 1 com maiores índices de consultas ginecológicas regulares e de exames colpocitológicos realizados). Encontramos diferenças estatisticamente significativas no grupo de questões relativas ao saber técnico, sendo que o Grupo 1 apresentou maior conhecimento sobre as características da infecção pelo HPV e de suas correlações com o câncer de colo do útero. A análise dos dados permite concluir que encontramos maior conhecimento por parte das alunas de cursos das áreas da saúde e isso se relaciona ao maior nível de autocuidado. Entretanto, não houve diferença em relação à vacinação contra o HPV entre Grupos 1 e 2. Apenas 262 das 408 alunas, o que corresponde a 64,21% que tomaram a vacina, completaram seu ciclo vacinal contra o HPV, revelando baixa cobertura vacinal na população pesquisada.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo