Introdução: O adenocarcinoma cervical é uma neoplasia relacionada com o epitélio colunar presente entre 18% e 30% das neoplasias do colo uterino, sendo mais associado ao adenocarcinoma in situs e pouco relacionado com lesões intraepiteliais escamosas (NIC). As manifestações clínicas das formas invasivas do adenocarcinoma são semelhantes às escamosas, inicialmente com sinusorragia por invasão do estroma, que provoca ulceração da mucosa e exposição de vasos, consequentemente sangramento. A prevalência do diagnóstico dos adenocarcinomas cervicais ainda é muito baixa no Brasil, sendo menor do que 0,01% entre todos os exames realizados em 2013. Desse modo, essa neoplasia possui maior detecção quando é realizada biópsia incisional e conização. Objetivo: Relatar um adenocarcinoma endocervical oculto na colpocitologia oncótica e conização que foi encontrado após histerectomia. Relato: Paciente de 44 anos, tabagista há 25 anos, refere que iniciou sangramento vaginal esporádico em janeiro de 2019 sendo solicitado colpocitologia oncótica, na qual resultou em NIC III. Paciente fez cirurgia de alta frequência devido a presença de NIC III, sendo retirado fragmento de 1,3 cm e verificado margens comprometidas no espécime resultante. Dessa maneira, em razão da não detecção de carcinoma no exame e pelo fato da paciente possuir prole definida e não desejar mais gestar, foi indicado histerectomia tipo I que é a conduta padrão para NIC III com margem comprometida. Na peça cirúrgica foi encontrado um adenocarcinoma endocervical de colo uterino estágio IbI. Para complementar o tratamento foi necessário realizar parametrectomia e linfadenectomia, que é o protocolo internacional de tratamento de colo uterino estágio IbI. Discussão: O relato de caso evidencia a literatura existente, já que o diagnóstico citológico do adenocarcinoma invasivo só acontece em 2% dos casos porque as lesões se originam de dentro da endocérvice e muitas vezes são perdidas na citologia. Além disso, essa patologia está mais associada a lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau, sendo raro a associação com alto grau. Conclusão: Assim, o relato de caso mostra a rara ocorrência entre a existência de uma lesão por NIC III e um adenocarcinomas endocervical que não foi encontrado na peça da cirurgia de alta frequência, apenas após histerectomia.
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