O líquen escleroso (LE) conceitua-se como uma doença inflamatória crônica, de caráter fibrótico e atrófico, multifatorial, autoimune e predileção pela área anogenital, ocorrendo na maioria dos casos em mulheres pós-menopausa. As modificações teciduais produzem uma série de alterações atróficas nas estruturas, podem gerar aderências e cicatrizes, com possibilidade de enterramento do clitóris, reabsorção ou encolhimento dos pequenos lábios, estreitamento do introito vaginal em graus variados. Este relato consiste em um estudo observacional descritivo de um caso acompanhado em um ambulatório de Ginecologia, tendo como base dados do prontuário e registro fotográfico com autorização da paciente. Objetiva-se relatar um caso de LE estenosando vagina e dificultando a micção. NAS, 76 anos. Paciente atendida no Hospital Universitário Alberto Antunes, no serviço de ginecologia, apresentava diagnóstico de LE há 15 anos, entretanto houve perda de seguimento. Após 15 anos paciente retorna com colapso total do introito vaginal e com queixa de dificuldade urinária progressiva, de modo que o colapso dificultava a plena saída da urina. Foi prescrito estrogênio tópico por 30 dias, em seguida junto com o auxílio de xilocaína spray foi realizada a abertura do introito vaginal. Além disso, com o intuito de evitar um novo fechamento do introito foi prescrito a utilização de molde vaginal 3 vezes ao dia. O LE é uma condição pré-cancerosa, afetando preferencialmente a vulva. A alteração da pele pode ocorrer com alteração de cor, se tornando avermelhada ou com manchas brancas lisas, frágil e passíveis de rachadura. O processo de inflamação e cicatrização pode levar à fusão dos pequenos lábios, gerando aderências que dificultam a micção. O envolvimento da vagina não é uma característica do líquen escleroso, embora possam ocorrer graus variáveis ??de estreitamento do introito. Não existe cura para o LE, apenas terapia de sintomáticos. Corticosteroides tópicos, podem proporcionar alívio efetivo dos sintomas na maioria dos pacientes e são considerados um tratamento marco. Quanto às cirurgias suas únicas indicações são as separações de aderências ou vulvectomia em caso de malignidade. O seguimento é de extrema importância, afim de verificar a eficácia do tratamento e eliminar evolução para malignidade.
Comissão Organizadora
Victor Lemos
Ilca Amorim
JOSÉ HUMBERTO BELMIRO CHAVES
Bruna Oliveira
Comissão Científica
Yara Lúcia Mendes Furtado de Melo