Introdução: Na década de 30, o uso de testosterona sintética se restringia a tratamentos para condições como hipogonadismo e outros distúrbios hormonais. Em décadas posteriores (1950 e 1960), atletas e fisiculturistas começaram a utilizar testosterona e seus derivados sintéticos para aumentar a força e o desenvolvimento muscular, dando início ao uso recreativo e não médico dessas substâncias. A utilização dessas substâncias continuou a popularizar-se nas décadas seguintes e, devido à crescente utilização indiscriminada, tornou-se motivo de preocupação da saúde pública. Objetivos: Apresentar uma visão geral da literatura médica recente acerca do uso impróprio e inadequado de testosterona sintética e outros andrógenos. Nessa perspectiva, está incluída a identificação e o gerenciamento dos indivíduos impactados, conjuntamente com a elucidação dos efeitos adversos potenciais associados a essa prática. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, elaborado a partir da base de dados PubMed para encontrar referências relacionadas ao tema. Foram aplicados os seguintes descritores: "Anabolic Androgenic Steroides", "Testosterone Abuse", "Testosterone Misuse" e "Adverse Effects of Testosterone" operados pelo operador booleano “AND”. Encontrou-se 32 estudos, publicados nos últimos seis anos. Uma triagem inicial a partir do título e resumo, seguida da aplicação de critérios de inclusão (estudos completos do tipo revisão sistemática, meta-análise, estudo clínico, entre outros) e exclusão (superficialidade da abordagem, relato de caso, entre outros), permitiu selecionar 18 estudos para a realização desta revisão, os quais foram estudos de forma pormenorizada. Resultados: Os usuários de esteroides anabolizantes androgênicos (EAA) após a descontinuação da utilização, apresentaram diminuição dos níveis séricos de gonadotrofina, retornando gradualmente aos valores basais dentro de 13-24 semanas, enquanto os níveis séricos de testosterona permaneceram mais baixos em comparação aos valores basais. A utilização excessiva dos EAA resultou em alterações estruturais e funcionais dos espermatozoides, redução do volume testicular, ginecomastia, bem como clitoromegalia, irregularidades menstruais e subfertilidade. Conclusão: O abuso do uso de EAA é um problema de saúde pública. O uso prolongado e indiscriminado desses insumos possui impactos negativos na regulação hormonal e, em especial, em relação às funções reprodutivas dos indivíduos que podem promover prejuízos à fertilidade. Esses efeitos podem ser reversíveis, no entanto, o efeito sobre a normalização da produção de espermatozoides nos homens varia e, em geral, prolonga-se durante mais de um ano. O comércio desses produtos é proibido em diversos países, todavia, há a venda ilegal dessas substâncias, o que está banalizando seu uso para fins estéticos, uma crescente atual presente em nossa sociedade.
Comissão Organizadora
Centro Acadêmico Ruth Sonntag Nussenzweig
Talys Arruda Jucá da Silva
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ASHLEY FERNANDA DE SOUSA E SOUSA
Mônica Oliveira Silva Barbosa
Julia Leite Abreu
Comissão Científica
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Gustavo Costa Freitas
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