INTRODUÇÃO: Estudos controlados por placebo realizados há quase três décadas evidenciaram a relevância dos antibióticos profiláticos na cirurgia cardíaca. As infecções no ambiente cirúrgico (ISC), sobretudo aquelas que impactam o esterno e o mediastino, aumentam significativamente a morbidade, mortalidade e os custos relacionados. OBJETIVO: A presente revisão integrativa objetiva avaliar a eficácia da antibioticoprofilaxia para prevenir infecções após cirurgias cardíacas. MATERIAIS E MÉTODOS: As bases de dados MEDLINE/PubMed e Science Direct foram consultadas utilizando o operador booleano AND para os descritores, DeCS/MeSH “Antibiotic Prophylaxis’’, “Thoracic Surgery” e “Surgical Wound Infection’’. A busca, realizada em abril de 2024, incluiu artigos produzidos nos últimos 5 anos nos idiomas inglês, português e espanhol. Foram encontrados 199 artigos (MEDLINE/PubMed=54; Science Direct=89), sob os quais aplicou-se filtros, critérios de inclusão e exclusão para a seleção de 6 artigos a serem incluídos no estudo. RESULTADOS: É consenso entre os artigos a importância da administração precoce de antibióticos beta-lactâmicos intravenosos (30 a 60 minutos antes da operação) para evitar infecções superficiais e profundas no pós-operatório, mas há desacordo sobre a duração dessa profilaxia. Há também discordância sobre qual geração de cefalosporinas usar, visto que alguns estudos defendem o uso da segunda geração, enquanto outros apoiam a primeira geração com a alegação de sua maior eficácia na prevenção de infecções profundas. Além disso, o uso de medicações para evitar a colonização da ferida cirúrgica, como a vancomicina tópica, mostrou-se estatisticamente ineficiente por não proteger o paciente e ainda aumentar o risco de infecções de tratamento complexo. Outrossim, a literatura mostrou que, mesmo com antibioticoprofilaxia prolongada, pacientes cirúrgicos com atraso de fechamento esternal apresentaram maior taxa de infeção pós-operatória, principalmente pneumonia. Por fim, um artigo apresentou uma nova tecnologia de bomba de infusão medicamentosa (D-PLEX) a qual aumenta a eficiência da antibioticoprofilaxia por liberar gradual e lentamente dos antibióticos de amplo espectro. CONCLUSÃO: Portanto, é indicado antibioticoprofilaxia para pacientes submetidos a cirurgias cardíacas, sobretudo o uso de cefalosporinas intravenosas de 1º geração, como defendido pela ampla maioria dos estudos revisados. Além disso, após análise, a tecnologia D-PLEX mostrou ter potencial de melhorar tal prevenção em pacientes com atraso no fechamento esternal, reduzindo o risco de infecções. Entretanto, apesar da importância fundamental, a eficácia e a duração dos medicamentos estabelecidos para profilaxia é questionada, evidenciando a escassez de estudos e dados para conclusões definitivas, exigindo mais pesquisas para avaliar adequadamente a antibioticoprofilaxia em operações cardíacas.
Comissão Organizadora
Centro Acadêmico Ruth Sonntag Nussenzweig
Talys Arruda Jucá da Silva
Sarah Garcia Bento Fonseca
ASHLEY FERNANDA DE SOUSA E SOUSA
Mônica Oliveira Silva Barbosa
Julia Leite Abreu
Comissão Científica
Ana Beatriz Pereira de Souza
Gustavo Costa Freitas
Ana Caroline Lemos de Andrade